Segredos por Elliot Hells
Capitulo 36 De volta ao Estúdio Pierre
1 mês depois.
Naquele mesmo mês de março, foi o período da Blues repetir a segunda dose da vacina V10, em breve ela estaria apta para sair na rua e isso dava tempo das mulheres treinarem a cadelinha na espera do contato da Valquíria sobre o projeto dos cães farejadores.
O início do mês de abril foi com notícias internacionais, a Rússia atacou Kiev, um míssil russo abriu um buraco em prédio, deixando nove mortos na Ucrânia, a quantidade de pessoas abandonando suas casas, prédios, destruídos eram enormes. A situação estava complicada. Eram as notícias que as duas mulheres ouviam aproveitando aquela última semana de férias forçadas do estúdio. Vivienne não conseguia acreditar na crueldade humana, embora ela mesma já tivesse sido alvo de testes do quão o ser humano poderia ser pútrido e maldoso.
Elizabeth chamado a doutora ChoHee Wei para aplicar a última dose na Blues da vacina V10 e assim a outra estaria livre para passear por todos os lugares com as próprias patas e não sendo levada em uma mochila. A advogada sabia o quanto era importante colocar todas as vacinas em dia, a V10, era uma das principais, pois ela impossibilitava o cão de ter contato em locais públicos não confiáveis. O cachorro poderia sair, desde que no braço, ou mesmo, como Elizabeth costumava fazer, fazer caminhadas e andar de bicicleta com a Blues em uma mochila própria para cachorros.
As outras vacinas como de gripe, raiva, giárdia podia tomar, enquanto passeava. Durante esse período de “restrição” de sair só em locais, e principalmente nesse período de férias forçadas do estúdio do Pierre, Elizabeth aproveitava para levar a Blues e a própria Vivienne para todos os locais que gostava. Mesmo que por um dia, elas saíam para acampar, fazer alguma trilha, conhecer cachoeiras em alguns interiores próximos a capital. E tornavam-se mais e mais próximas.
Bess, costumava pegar Vivienne para dar uma volta de bicicleta, estimulando a outra com a prática de alguns exercícios. Saiam para tomar cafés que aceitavam cachorros e a pequena Blues ia junto, praticando a socialização, tanto com pessoas, outros animais já vacinados, pois podiam ter esse contato e com sons de diversas formas. Assim, quando estivesse liberada oficialmente para os passeios não estranharia nada.
Nos outros dias que faziam a troca, Blues ficava com a Izzy, pois como no outro dia era costume ter tanto a Vivienne como a Bess, achavam essencial que a cadelinha passasse um tempo com a outra, pois não podia ter uma diferença latente entre Bess e Izzy quanto ao gosto da cadela por elas.
Nesses dias com a Izzy, a Blues aprendia a arte de paquerar, ou melhor, servia como um pretexto para as mulheres conversarem com a Izzy de como aquela cadelinha com ela era perfeita e bonita. Claro que nem sempre Izzy queria apenas conhecer mulheres e levar a Blues, haviam muitos dias que as duas saiam sozinhas sem destino, conhecendo novas praias e cheiros, pois a platinada sabia o quanto era importante o estimulo de novos odores para a cadelinha.
Com Izzy, as atividades eram de aprender a relaxar, comandos que exigiam muito de um border ativo, a concentração, autocontrole, fica e o place. O comando place era importante ser aprendido por um border collie, pois era responsável para ele aprender a se desligar às vezes e Bess sabia que a melhor pessoa para isso era a sua irmã. Cada uma tinha suas responsabilidades no treinamento da Blues, embora a maior parte fosse com a irmã mais velha, a outra exercia com maestria seus afazeres.
Assim, a pequena Blues recebeu a terceira e última dose, como as mulheres encontraram a blue merle com aproximadamente três meses, deveria está agora com cinco meses. O pelo já tinha mudado, crescido mais, as orelhas começavam a ficar em pé e o focinho a se alongar. A doutora ChoHee Wei mencionou que a cadelinha estava perfeita, os exames da última vez deram maravilhosos, apenas deveria reforçar os cuidados e continuar dando um fortificante até completar um ano e esses cuidados as três mulheres faziam com aquela integrante tão querida. Foi assim que abril chegou para as mulheres, trazendo também o retorno para o estúdio.
Enquanto esse um mês passou, Kitty pouco viu a irmã também, pois estava ocupada com os inúmeros trabalhos e quando ficava livre, Charlie a chamava para sair. Durante esse tempo elas tiveram diversos encontros em lugares diferentes. Descobriu que além de linda e médica, a loira gostava de fazer crossfit e por isso era dona de um corpo tremendamente belo.
Embora não fosse combinado, ambas naturalmente não saíam com mais ninguém, porém não assumiram um relacionamento de fato. Da mesma forma que Kitty não sabia que a irmã estava “conhecendo” aos poucos alguém e Vivienne não sabia que a irmã estava tendo uma ficada séria com uma outra pessoa.
xx
No outro dia[1], Elizabeth voltava para o estúdio, havia sido convocada para uma reunião que ocorreria mais tarde, porém deveria estar trabalhando logo cedo. No salão de entrada ela encontrou Vivienne que foi chamada para comparecer um pouco antes. Ela deu um aceno para a outra que deu um tchau com um sorriso de leve para ela.
Tentava ir para a sua sala quando foi barrada por alguns novos contratados que a pediam autógrafos e ela com um sorriso predador, dava o melhor de si.
- Adoramos o seu trabalho como atriz senhorita Heinz! Você é a melhor! – dizia uma moça.
- Sim, sim, você é tão perfeita! – outra falava tendo seu ombro assinado. O alvoroço diminuiu e Elizabeth estranhou, pois ainda agora as meninas estavam animadas e felizes com seus autógrafos. Será que ela não estava cheirando bem? Isso era impossível, mas viu as moças se afastarem e darem um tchau delicado para ela. Elizabeth fez o mesmo, com o cenho franzido.
- Você não mudou nada, não é mesmo Izzy? – aquela voz. Essa voz, Elizabeth se virou para ver quem era e engoliu em seco. – Quanto tempo será que faz? Seis ou oito anos? Ainda continua chamando a atenção como bem me lembro.
- L-lo... L-lorelai?! – dizia indignada, surpresa e assustada. Um flashback passava por sua cabeça nesse exato momento do seu passado com a mulher parada ali na sua frente.
- É uma satisfação está aqui com você novamente, estive ansiosa para trabalhar com você e espero que possamos nos dar bem apesar dos pesares. – Lorelai estirou a mão para apertar da outra que não ergueu de volta. Elizabeth engoliu em seco. A mão não foi apertada e Lorelai a recolheu – Bom, espero que tenha um bom início de manhã senhorita Heinz.
- Igualmente, senhora Nunez – disse Elizabeth sem animo.
- Senhorita – ocorreu uma pausa da parte de Lorelai. – eu estou divorciada. – A nova proprietária daquele local se dirige para o seu escritório.
Elizabeth que não sabia que estava segurando o ar o libera de forma pesada. Estava mais pálida do que o de costume, Vivienne se aproximava dela por querer saber quais seriam as ordens da mulher, ainda não estava tão familiarizada com Izzy, porém iria tentar pela outra.
A cada passo que ela dava percebia que Elizabeth não se sentia bem. Ela apressou o passo e chegou junto da outra, apenas conduzindo para o seu escritório. Fez a mais velha sentar e pegou um copo com água da sua mesinha. Sempre estava preenchido com alguma coisa, seja café, água, chá, suco, comida. Mas a outra raramente utilizava. Hoje dessa vez, provaria um como d’água.
A mão alva de Vivienne estava estendida sem sua direção com a água. Elizabeth parecia ter visto o pior pesadelo de alguém, engolia aquela água apressadamente como se ao colocar o líquido tudo o que sentia iria ser colocado no devido lugar. Ao terminar ela colocou em uma outra mesinha do seu lado e passou as mãos por seus cabelos. Inclinou o corpo para frente.
Um silêncio reinava naquele cômodo, Vivienne estava preocupada e como toda a sua família era formado por médicos havia aprendido algumas coisas. Na sala dos assistentes sempre teve algumas coisas de primeiro socorros, foi lá enquanto deixava a outra paralisada naquele divã preto. Retornou e colocou no pulso da outra que não dava sinal algum de reação. Bombeou o aparelho algumas vezes até receber o resultado de que a pressão arterial da outra estava baixa. Com um estetoscópio passou a sentir os batimentos da outra que apenas a deixava fazer o que quisesse.
As batidas eram fortes e ritmadas, cem por minuto. Vivienne a olhou, o que a tinha deixado desse jeito? Foi então que ela perguntou:
- O que houve, você não estava assim quando chegou?
Ainda silêncio
- Eu não vou conseguir te ajudar se você não me contar o que está acontecendo, quer que eu ligue para a Bess? Quer voltar para casa? Izzy fale comigo, o que houve? – Vivienne estava realmente preocupada, em todo aquele tempo nunca viu a senhorita paqueradora estática. Mais um longo silêncio até Elizabeth começar a falar.
- Ela voltou... – começou.
Vivienne franziu o cenho, não estava entendendo nada.
- Quem voltou?
- Lembra que falamos que antes de você alguém descobriu sobre nós? – Vivienne sentou ao lado da outra. Sim, ela lembrava desse ocorrido, era a ex-namorada da Izzy. A única, fora ela, que sabia que Elizabeth Heinz eram gêmeas. Vivienne só fez que “sim” com a cabeça e fitava a outra. Não queria cortar ou desconcentrá-la. – O nome dela é Lorelai Nunez Maia e agora ela voltou, comprou o prédio e ao que parece seremos colegas de trabalho.
Vivienne não sabia o que dizer, apenas depositou um carinho nas costas inclinadas da outra. Era a primeira vez que observava Izzy tão vulnerável, alias a segunda, e ambas estavam vinculadas a essa pessoa do passado dela. Lorelai era o motivo daquela mulher ter enchido a cara na boate, ela era o motivo de estar vendo a outra nesse estado.
- Vamos destrocar... – disse por fim.
Elizabeth a olhou de supetão, não entendia.
- Pelo visto o seu passado está assombrando você, não está em condições de fazer nada por agora, Bess vai entender, você só precisa se afastar disso aqui nesse momento, Izzy. Vem. – pegou a mais velha pela mão e a saiu conduzindo a outra.
Pierre parou as duas perguntando onde iria, pois logo mais deveriam comparecer a abertura da reunião. Vivienne que ainda segurava a mão da outra explicava que era uma emergência feminina. O outro claro, entendia que deveria ser um daqueles dias e apenas disse que elas tinham meia hora. Do alto das escadas Lorelai observava a mulher mais velha de cabelos brancos ser guiada pela ruiva. Um antigo funcionário que ali passava foi parado por ela.
- Sabe me dizer quem é aquela que está com a senhorita Heinz? – indagou de forma ingênua.
- Ah, é a Vivienne Lamartine, ela é a assistente pessoal da senhorita Heinz, senhora. – disse um rapaz, depois ela sorriu gentilmente e agradeceu, se dirigindo para o seu escritório. Andy a perguntou o que desejava e ela apenas disse que queria ver novamente a pasta de documentos que continha a letra “v”
- V... ah, está aqui – Andy prontamente a deu os documentos.
Lorelai passava rapidamente as folhas até chegar no nome que queria. “Vivienne Lamartine Hoffman, vinte e cinco anos, assistente pessoal de Elizabeth Victoria Heinz. De responsabilidade da senhorita Heinz”. Lorelai suspirou e apenas pensou “que interessante!”
[1] 3 de abril de 2018
Fim do capítulo
Como dizem as pessoas
"vai esquentar"
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