Segredos por Elliot Hells
Olá para todos(as)
estou aparecendo aqui com mais um capítulo fresco para vocês.
Com isso, espero que se deleitem.
Capitulo 30 - O bar do Jey
A música do bar Jey, o cheiro de cerveja, álcool, risadas davam para serem ouvidos e sentidos do lado de fora. Kitty estava acostumada com todo aquele alvoroço, assim se prontificou em estacionar seu sandero nos fundos do bar. A ruiva estava com uma blusa branca social e calça preta, os barmans costumavam usar esse uniforme no bar e restaurante do Jey. Hoje tocaria uma banda de garagem conhecida. A casa estava começando a ficar cheia, Kitty se dirigiu para trás do balcão já se posicionando.
- Cheguei!! – avisou para o amigo.
- Ah, graças a Deus! Temos que fazer mais esses drinques aqui e logo a loucura irá ficar mais calma.
Algumas pessoas pediam cerveja, Heineken, outras artesanais. Outros eram Martini, vodka, gin, licores, rum, tequilas e outros. Serviu todos os pedidos da comanda. Jey deixou que ela assumisse, pois enfim as pessoas estavam se divertindo mais e comemorando o momento.
Uma loira bem definida se aproximou do balcão, o cheiro amadeirado invadiu as narinas da ruiva que acabou a observando. A outra possuía olhos bem azuis, vestia calça jeans, camisa branca por baixo de um blazer cinza corte fino sob medida, estilo executiva. Desejou boa noite para ela e esticou o seu pedido da comanda. Kitty a olhou, com um rosto simétrico e bem harmonioso. Deveria ter 1,77, esculpia um belo corpo.
- Cerveja? – Kitty leu. – Bom temos algumas variedades aqui: Heineken, Stella e claro as artesanais. Quais você costuma preferir?
- Eu acho que vou de Heineken mesmo, uma de 600 ml, por favor. – dizia a moça.
- Vai beber aqui no bar mesmo? – Kitty indagou, pois era uma bebida de 600ml no mínimo se bebe acompanhada. – Ou está em alguma mesa? Posso mandar deixar lá.
- Não, aqui no bar mesmo caso não haja problema. – explicou a moça. – é somente para mim.
- Ah, compreendo. Irei trazer a sua bebida. – Após dois minutos, Kitty voltava com a garrafa de Heineken de 600 ml, com um copo tulipa. Abriu e despejou aquele líquido cor de ouro gelado. Além disso, colocou na frente daquela pessoa alguns amendoins – Não sei se já comeu e nem sei sobre sua tolerância a álcool, então, aqui e ali coma esses amendoins. Irá ajudar a manter o equilíbrio e teor alcoolico.
- Obrigada, mas sou bem tolerante a álcool. – dizia tomando o primeiro gole da cerveja todo de uma vez – Mas agradeço a preocupação. Foi só uma semana difícil.
- Bom, desde os anos antigos, nas antigas tabernas históricas, o barman, ou taverneiro se preferir, ouvia as lamúrias dos seus clientes. É uma prática ainda muito utilizada hoje em dia e eficaz. Então... – Kitty pegou um pano branco e começou a esfregar o balcão a sua frente, fazendo uma voz artísticas para a outra captar a referencia e disse. – Qual o problema amiga?! – relembrava totalmente os antigos taberneiros, os antigos sallons de faroeste e tudo mais. O que fez a outra rir.
- Você deve ser então atriz, porque captei totalmente a referencia. – ela continuava rindo. – obrigada por isso, estava precisando rir um pouco.
- Não há problema, as inúmeras gerações de barmans, womens taverneiros, sallons e mais, agradecem pela referência ter sido captada. Precisando estaremos por aqui. – Ela pede licença, pois outra pessoa gostaria de fazer o pedido.
A música ainda está alta, a banda começa um novo repertório e mais pessoas entram. Kitty fica variando os drinks, enquanto a moça loira já havia pedido mais duas garrafas de 600 ml da Heineken. O tempo começava a passar, e o clima estava com cara de cada vez a festa está acabando. Durante esse tempo Kitty sempre que podia conversava com a mulher no bar, pois a mulher começava a ficar tonta, devido a ingestão rápida de cerveja e a enorme quantidade.
- Ei garota, não acha que já está bom? Você bebeu muito, muito mesmo, não é? Como pretende voltar? – Kitty sabia que estava sendo invasiva, porém deixar uma pessoa bêbada a própria sorte não era bem o seu estilo. Ela já fazia as suas próprias loucuras, não era necessário que outras pessoas também fossem sem juízo.
- E-eu... e-es-tou b-bem... – balbuciou cada palavra colocando a mão na testa.
A mulher a sua frente havia informado para Kitty que ela poderia chama-la de Charlie. Era uma jovem médica fazendo residência em cirurgia cardiovascular, tinha atualmente em 2018, trinta anos. Estava bebendo, pois um paciente de uma outra ala, havia falecido, não resistiu devido a um forte vírus que pegou. Era uma criança recém-nascida e prematura, parto difícil. Foi um paciente que, embora não fosse da sua responsabilidade, acabou criando vínculos e isso a marcou, era sua razão de beber a mais da conta.
Kitty se virou e pegou um copo com água e gelo, aquela doutora ali precisava recuperar sua consciência. Colocou em frente a ela e a outra disse que não queria.
- Vai ajudar a minimizar tudo isso, você já bebeu demais e o que ocorreu não foi culpa sua. Algumas das principais causas de mortalidade neonatal estão relacionadas a tantas situações. – Kitty tentava expor o óbvio para a outra, enquanto fazia a limpeza do balcão.
- Mortalidade neonatal? – isso despertou a atenção da mulher. – Poucas pessoas falam assim e são pessoas que pertencem a área da saúde ou que possuem relações com a saúde, qual é sua história? – a mulher aceitou a água e começou a beber.
- Bom, meu pais são médicos e desejavam que eu fosse médica também, terminei a graduação, mas desisti e fugi da residência. – começava a explicar – não era para mim. Então para não sair tanto desse mundo, trabalho em alguns momentos como atendimento em uma clínica particular – terminava de limpar tudo e olhava para o relógio. – fecharemos em breve, alguém vem buscar você?
- N-não... eu consigo ir... – dizia a loira terminando com o copo. – Consigo me virar, agradeço a gentileza.
- Espero que consiga ir mesmo, doutora, há pacientes que devem esperar por você. – Kitty dizia e começava a organizar as coisas. Todos começavam a sair, incluindo a loira. Demorou mais de 30 minutos para finalizar todo o protocolo de fechamento do estabelecimento.
Jey Jey pagou todo o valor que devia para a Kitty, naquele momento era aproximadamente quatro horas da madrugada. Certamente muitos iriam para suas casas ou outros estabelecimentos para continuar com a bebedeira. Kitty foi para fora do local se despedindo do Jey Jey. Quando saí olha a loira sentada no chão, parecia tonta.
- Achei que conseguia ir sem problemas. – comentou a ruiva se aproximando da loira agachada.
- Eu consigo ir, só estou recuperando o folego e certamente deixando meus olhos se acostumarem com a visão do mundo em movimentos oscilantes. – não fazia movimentos algum ou qualquer esforço para se levantar.
- Pelo menos sua capacidade de raciocínio e de elaboração de orações complicadas não foram atingidas, então, um viva para a Heineken! – Kitty a apoiou e segurou pela cintura, percebeu o quanto aquela mulher tinha um certo porte atlético. Tudo estava bem distribuído e no lugar. – Vamos, onde você mora?
- Demócrito, na rua Demócrito, residencial Altivz, apartamento 2003. Eu consigo chegar lá. – insistiu novamente, enquanto andava cambaleando até o carro de Kitty.
- Claro, claro que consegue. – dizia a ruiva a segurando – só estou aqui como uma pessoa que torce para você chegar lá. – brincou.
Kitty queria ajudar aquela mulher, mas sabia que se fosse sua irmã com ela, falaria mil e uma coisas do tipo: Ela é uma estranha, como sabe se ela não é uma sequestradora ou se está mentindo para nós e depois irá nos assaltar. Enne era a racionalidade delas duas. Contudo, algo dizia que podia confiar na loira ali.
“Se essa loira tentar fazer alguma coisa, tenho spray de pimenta e não tenho medo de usar um bisturi para outras situações!” pensava Kitty. Assim, conduziu a outra até seu carro. Entraram e seguiram até o local de destino da loira.
Kitty deixou a loira no apartamento que ela morava. A jovem estava bêbada demais e certamente não lembraria de muita coisa. A ruiva assim, mostrou e pediu autorização para o porteiro liberar sua entrada e seguiu para as coordenadas no seu apartamento.
Não era um prédio deveras luxuoso como do Henrique, contudo tinha seu ar de luxo, com toda certeza, muito mais do que o dela. Havia quadra de esportes, piscina, garagens para até dois veículos. Passou pelo hall e chamou o elevador que se abriu na hora, apertou o botão para o vigésimo andar e esperaram chegar lá. Quando as portas se abriram, Kitty parou para ver algumas portas fechadas e os números acima, procurando qual deveria ser o da doutora.
Após deduzir que não ficava para o lado direito, foi para o esquerdo e viu a porta dela, conduziu a mulher embriagada, a deixou encostada na parede e procurou por sua chave, quando a encontrou a próxima batalha foi para acertar qual delas seria do apartamento até que uma pequena dourada abriu.
Kitty conduziu a mulher para dentro do apartamento dela. A cozinha era conceito aberto, piso de cerâmica marrom que imitava madeira. Tons de parede em verde ciano e branco. Diversas plantas distribuídas por todo o local, quadros enfeitando as paredes.
As duas mulheres foram para o quarto da loira, enquanto ela falava coisas incongruentes. A ruiva tinha certa dificuldade em carregar o corpo esguio da loira, afinal era mais alta do que ela, uma estrutura bem diferente, sem mencionar que cada passo parecia que a loira estava mais e mais sonolenta.
No quarto, os cobertores eram pretos, alguns alteres e pesos espalhados pelo quarto, agora Kitty sabia de onde vinha tantos músculos. Percebeu que a outra possuía um físico diferenciado, quando a ajudou. Embora soubesse que sem a ajuda da própria pessoa bêbada ela não teria sido capaz de leva-la até lá. Muito de si mesma a outra ainda conseguia andar, e agradecia a Deus por já está tão perto. A colocou na cama e sentou, suspirando. Pensou que de fato precisava treinar, estava suando horrores.
Muitos pensamentos percorriam a sua mente, um deles era como poderia trancar tudo, deixar a mulher segura e devolver a chave se a outra está apagada na cama?
Para Kitty a solução mais obvia era deixar passar mais um pouco de tempo, sairia dali de umas oito horas, já que não tinha nada marcado pela manhã. A ruiva foi para o sofá da outra e começou a ver a hora passar e esperava que a outra la na cama estivesse bem. Cada minuto parecia se arrastar. Resolveu pegar da sua bolsa uma agenda e arrancar uma folha, naquele papel escreveu o seguinte bilhete que seria lido postumamente pela loira adormecida na cama.
Cara Senhorita, Charlie
Sou a barwoman do bar que frequentou noite anterior. Ocorre que você teve uma grande ingestão de álcool e não conseguia voltar em segurança para casa. Coloca-la em um taxi não era muito uma boa opção. A encontrei em um estado um tanto desnorteada e por razões de segurança a trouxe para sua residência, conforme me passou o endereço. Escrevo esse bilhete, porque estava nesse momento em sua sala, enquanto você dorme em seu quarto. Antes de mais nada, sim, eu fiquei aqui, pois sofri um dilema terrível em deixa-la aqui com a porta entreaberta em um horário um tanto complicado. Por isso, estou aguardando o dia amanhecer um pouco para ir embora. Não se preocupe, não fiz nada estranho na sua casa, apenas fiquei no seu sofá. Ah! E tomei um copo com água, porque carregar você não foi uma tarefa lá muito fácil. Acho que no mínimo merecia essa recompensa. – risos –
Quando estiver lendo isso, certamente não estarei mais aqui no seu apartamento, dito isso, tranque a porta! Bom dia para você!
Atenciosamente
Kitty Lamartine.
A ruiva olhou mais uma vez para a carta e achou maravilhoso o que escreveu. De fato, foi tomar sua água e depois deixou o copo na pia. Voltou até o quarto, onde a loira estava e a outra continuava do jeitinho que havia deixado. Aproximou da cômoda e colocou o bilhete por baixo do celular da outra que seria o local mais óbvio dela mexer e ver. Kitty esperou pacientemente até às 8 horas, seus pais já haviam enviado uma mensagem dizendo que haviam chegado ao país e principalmente na cidade. Quando enfim deu o horário, saiu daquele local fechando a porta. A loira ainda não havia acordado. A ruiva precisava correr, pois seus pais passariam na sua casa primeiro. Hoje seria um dia um tanto cansativo para ruiva.
Fim do capítulo
O que acharam até agora?
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: