Segredos por Elliot Hells
Capitulo 7 A FAMILIA HEINZ
Kitty[1] estava entediada, havia ouvido a porta da vizinha abrir por volta das vinte horas, havia combinado com sua irmã que dormiria hoje ali com ela. Mas ambas estavam entediadas, nada de bom passava na tv, sua irmã estava com a cabeça sobre suas pernas. Ela sabia que a mais nova estava morrendo de sono por vários fatores e se a saída da vizinha fosse favorável para a mesma recuperar ao menos um pouco o seu sono, não seria Kitty que atrapalharia. A mais velha mexia no celular avidamente, respondendo algumas mensagens de texto enviadas por Henrique preocupado com Vivienne. Kitty não poderia dar tanta informação, pois nem mesmo ela sabia o que se passava com a irmã. Mas havia narrado a história que ocorreu com a atriz na parte da tarde, e todos os fatos que a irmã havia narrado. Revelou que as duas estavam em pé de guerra e não tinha visto a irmã tão irritada com alguém na sua vida. Enquanto esperava a resposta do amigo, ela resolveu procurar por Elizabeth Heinz na internet, algo que deveria ter feito a muito tempo atrás.
Ficou surpresa com o que viu e sem acreditar. Havia muitas informações sobre ela. O texto do site da Wikipedia, entre muitos outros sites, informavam que:
Elizabeth Victoria Heinz III, nascida em 1987 em Turíngia na Alemanha, havia se mudado aos dezesseis anos para o Brasil com seus pais. É uma atriz, diretora e também advogada. Estreou como atriz aos quinze anos em um musical na sua antiga cidade-natal.
Ficou conhecida por seus papeis clássicos nas peças, como também por dublar alguns personagens animados. Atualmente além de atriz e diretora, atua como advogada ativamente, ocupando algumas cadeiras na academia como docente em direitos humanos, filosofia do direito, história do direito, penal e psicologia jurídica. Sendo uma lenda pelo ramo do direito penal e civil.
Seus pais, os advogados renomados, Cordélia Elizabeth Von Heinz Terceira e Holand Von Heinz Terceiro, encontram-se bastante atuantes e fortes no ramo jurídico, sendo considerado a melhor sociedade de toda a região do nordeste brasileiro. Ganhou dois prêmios por melhor atriz e uma indicação.
Atualmente é uma peça chave para o estúdio Pierre.
Vida Privada:
Em 2003, a atriz se declarou abertamente lésbica. Elizabeth é faixa preta em algumas artes maciais. Já esteve em um relacionamento sério na adolescente até a fase adulta, mas nunca revelou o nome da pessoa. Após esse tempo, ela teve pequenos casos com atrizes, cantoras, empresárias famosas. Venceu inúmeros casos famosos na corte brasileira.
A cada linha lida, o queixo de Kitty só caía mais com tamanha revelação, não sabia que ela era tão conhecida assim. A única coisa que passou por sua mente foi: Minha irmã bateu em alguém famosa. Nesse mesmo momento, uma mensagem de Henrique havia chegado, avisando que ele não acreditava no que havia acontecido. Narrou o fato para o seu avô que também não acreditou.
Kitty mandou uma mensagem explanando o quanto ela tinha lido sobre Elizabeth Heinz e perguntou se o amigo sabia de todas essas informações. Henrique riu tremendamente alto, pois achou engraçado como Kitty estava surpresa. Ele contou que o primeiro contato com a Heinz, foi para resolver uma questão da empresa***, pediu para o "vovô" pesquisar um dos melhores advogados da região. Ele havia encontrado os pais de Elizabeth que na época estavam foram do país, sobrando Elizabeth. Ele a contratou e ela resolveu alguns problemas da forma mais célere que poderia. Desde então, quando se tratava de algum problema jurídico, Henrique a contatava. Por obra do destino, ambos vieram parar no mesmo condomínio e serem vizinhos. A partir daí ele observou a vida da vizinha e advogada que era totalmente desvairada. Como todo bom profissional jurídico, Elizabeth mantinha em segredo, as conduzindo para seu apartamento ou para locais sempre reservados.
Essa aproximação com a advogada os tornaram amigos. Ele sabia que a atriz vinha de uma família renomada, ela não falava muito de si, apenas o que todos sabiam e o que havia descrito na internet. Ela sempre foi assim misteriosa, mas em todos esses anos que era vizinho dela, nunca a viu em um relacionamento sério, conversavam sempre de suas aventuras amorosas, ela possuindo mais do que ele. Foi assim que ele narrou toda a história para Kitty. Ela mandou uma mensagem um tanto desesperada:
"Então você está me dizendo que a minha irmãzinha esbofeteou uma atriz e advogada? Meu Deus, ela vai processar a gente!" Kitty havia enviado a mensagem e levado a mão a cabeça como se sentisse uma forte enxaqueca e começou a achar que estava tendo uma.
- Maninha, em todos esses anos para você ficar irritada com alguém, tinha que ser logo com uma advogada? - olhava para a irmã que dormia em seu colo.
Seu celular vibrou e era outra mensagem de Henrique.
"Kitty, acha mesmo que a Lizzy iria processar a Vih por isso? Não queria dizer nada, mas não é o primeiro tapa de mulher que ela leva. Apesar de serem poucos, porque muitas já estão acostumadas que ela só quer uma farra quente. É claro que existe aquelas que se apaixonam e ela simplesmente corta isso e por fim, ela leva um tapa e não faz nada. Acredite, isso não passa pela cabeça dela, então não tenha uma sincope. Preocupação não combina com você."
Kitty começava a digitar a resposta para Henrique quando percebeu que sua irmã começava a se agitar no sono, não faziam quarenta minutos que ela havia cochilado e já apresentava sinais de estar tendo um sonho ruim. Ela acariciou a cabeça da mais jovem tentando confortá-la, mas nada parecia fazer efeito. Os olhos movimentavam-se rápido, típica característica do sono R.E.M ou traduzido para movimento rápido dos olhos, como se perseguisse algo invisível. Ela tentou acordar a irmã, insistiu e por fim Vivienne acordou agitada. Colocando as mãos na têmpora, com a respiração ofegante, Kitty tocou nas suas costas, tentando acalmá-la, mas Vivienne não a reconheceu, afastando-se imediatamente. Quando ela reconheceu a irmã, soltou o ar que não percebeu que havia prendido.
- Enne, sou eu, - disse Kitty aproximando cautelosamente para não assustar a outra. - você só teve um sonho ruim.
Vivienne nada quis falar sobre o que estava sonhando, apenas voltou para perto da irmã, abraçando-a. Kitty sentiu o quanto seu corpo estava quente e um tanto suado. Apesar de não haver nada externo para atrapalhar o seu sono, fatores internos o impediam. Ela estava farta disso. Sentiu-se mais aliviada da irmã não perguntar com o que ela sonhara.
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Elizabeth encontrava-se dirigindo o seu discovery sport, seguia em direção a casa dos seus pais em uma parte afastada da cidade, perto da praia, no alto de uma antiga e rochosa estrutura. Ela dirigia contornando aquela estrutura em formado de caracol, enquanto a noite engolia cada recanto de luz. Ao final daquela estrutura uma majestosa casa aristocrata se exibia com toda sua suntuosidade por trás de um muro alto de tijolos e, um portão de aço maciço era a primeira proteção daquela fortaleza. Os Heinz eram uma grande e importante família de toda aquela região, todos os conheciam, eram os maiores modelos de família. Elizabeth era procurada como profissional, pelo bom nome que sua família fez, seu pai, assim como o pai do seu pai e sucessivamente, eram conhecidos por sua gentileza para com todos, sem distinção de status social, ela possuía muitas relações devido a isso.
Mas uma coisa era certa, haviam níveis das famílias Heinz, nem todos eram gentis, nem todos eram reconhecidos, o brasão principal ficava com os Heinz de alto grau, e por muitos anos, esse brasão principal estava com os Heinz Terceiros, ou seja, com o bisneto mais novo do falecido Holand Von Heinz. Enquanto o resto dos Heinz, observa a espreita algum erro que os renomados podem cometer.
Liz pegou seu controle e abriu o portão, dirigindo-se para o parque de estacionamento que a residência da família exibia. Encontravam-se vários carros parados, de baixos de uma cobertura protetora para os automóveis. À frente do hall de entrada era exibida uma linda fonte barroca, cujo centro ficava uma escultura de mármore da deusa Freya da mitologia nórdica. A estrutura aristocrata exibia duas colunas elevadas. A advogada como também atriz, estacionou e desligou o carro, dirigindo-se para os degraus da casa carregando um caderno de anotações preto. Antes de bater na porta, o mordomo da residência Heinz, que havia visto a herdeira dos Heinz nascer e crescer, ainda continuava ativo em sua atividade. Era um senhor de aparência gentil e com o cabelo liso e grisalho penteado para o lado desempenhando mais a função do que Elizabeth chamara de Poder de polícia, que é voltada para a fiscalização e limitação. Como ela havia o comparado, dizia que o mordomo executava exatamente essas funções quando fiscalizava avidamente as outras maides. Elizabeth o abraçou apertado, deixando o senhor de, aparentemente, sessenta e cinco anos envergonhado. Ele trajava um típico terno preto que Liz criticava sempre que o via, dizia que sua mãe era desvairada por deixá-lo trajando algo tão insuportável naquela região tropicana. Revelou que não estavam mais na Alemanha e que os climas eram distintos. Niles, o nome do senhor, explanava que não eram ordens da mãe, ele adorava vestir o seu uniforme era isso que o tornava um legítimo mordomo. O ancião sorriu orgulhoso, mostrando algumas rugas ao redor dos lábios. Do alto da escada a matriarca da família Heinz, Cordélia, descia de forma imponente, sempre bem arrumada e elegante, maquiada, não importava a hora do dia. Eram raros os momentos em que alguém veria aquela mulher sem uma cor no rosto, mesmo que colocasse apenas um singelo batom.
Cordélia Elizabeth Von Heinz Terceira, era o tipo de mulher que não tolerava erros, era metódica em tudo o que fazia, mas não chegava a ser uma ditadora que exigia ao máximo dos outros. Sabia até onde poderia ir com suas manias de organização e meticulosidade. Ela descia radiante aquela escada de madeira com carpete em royal. O sorriso branco estava desenhado no rosto alvo como a neve. Seus braços se abriram calorosamente o que Elizabeth não resistiu demorar mais um segundo para senti-los. A filha abraçou a mãe que era um pouco mais baixa, apertando-a com todo o carinho que podia, depositando no alto da cabeça um terno beijo. Cordélia afastou para ver a filha e sorriu dizendo que já estava com saudades. Liz confessou que também estava. Ela perguntou pelo pai e a mãe informou que ele estava na casa de um dos amigos jogando uma partida de sinuca e conversando sobre negócios.
- Havia esquecido que hoje era o dia do divertimento dele - confessou a garota. – A noite dos "rapazes" – fez o gesto de aspas com as mãos.
- Não há problemas querida, ele deixou um forte abraço para você, lamentou não poder vê-la. Mas esperou longamente - informou ela enquanto saiam conversando em direção ao escritório da família.
Niles havia se retirado para a cozinha, deveria pedir para as maides prepararem o suco preferido da milady. A casa dos Heinz era enorme, com altos quadros espalhados pelas longas e altas paredes, detalhes em fios de ouro nos quadro, sendo muitas obras originais desejadas e invejadas por muitos museus. Além de contar a história da arte, aquelas paredes repousavam a história da família.
As mulheres caminhavam por um longo corredor mostrando a genealogia da família Heinz. Ao topo, com a mão direito presa no terno, estava ele, o grande fundador da casta Heinz, o primeiro Holand Von Heinz. Holand se casou jovem, a sua primeira esposa foi Amélia Von Heinz Primeira que teve o primeiro filho do casal, Maxmiliam von Heinz Primeiro, meio avós de Elizabeth.
A primeira esposa de Holand, Amélia era uma mulher cruel e abusiva, usava qualquer um ao seu redor, inclusive seu filho. Embora fosse a primeira esposa, Heinz tivera uma amante, Beatrix, que engravidou antes de Amélia. Beatrix deu a luz ao jovem Karl, sendo considerado o primogênito dos Heinz, apesar de Amélia o rebaixá-lo e humilha-lo como bastardo.
O velho Heinz, não falava nada, apenas deixavam que brigassem entre si. Depois ele oficializou o romance com Beatrix, dando a ela o sobrenome Heinz e a titulação de (Segunda), por ter sido a segunda esposa de Heinz. Beatrix, era doce e gentil, mas com o passar dos anos, vivendo com os primeiros Heinz aprendeu a ser dura e severa, principalmente com seu filho Karl, pois nutria o desejo dele ser o principal herdeiro dos Heinz. Isso só alimentou ainda mais a disputa entre os jovens irmãos que não possuíam uma folga.
As disputas entre as mulheres eram grandes, tanto que Heinz se separou da sua segunda esposa e conheceu Christina, uma jovem dos lindos cabelos da cor do sol com mexas esbranquiçadas, calma e gentil. Heinz se encantou pela sua forma rapidamente e fez de tudo para tentar seduzi-la, o que no início não funcionou. Levou muito tempo para Christina se encantar por ele. Ela não o queria devido a fama de "colecionador" de mulheres. Mas foi com Christina que o velho Holand Heinz se aquietou e conhecera a bondade e o amor.
Christina deu a Heinz uma filha que batizaram-na também de Cristina, essa por sua vez casou-se com Paul, um homem sábio, calmo, gentil e amoroso, fazia as vontades da esposa e tratava muito bem seu sogro. Mais tarde eles tiveram um filho batizando de Holand, o pai de Elizabeth. Holand casou-se com Cordélia e juntos eles tiveram Elizabeth Victoria von Heinz ou Elizabeth Victoria von Heinz III.
As duas atravessavam um longo e espaçoso corredor até chegarem no outro compartimento com várias portas e salas, a direita, localizava-se o escritório que elas entraram. Cordélia dirigiu-se para a cadeira no qual o marido sentava-se quando faziam reunião. Elizabeth por outro lado ficou nas poltronas. Era um local repleto de livros e algumas fotos de família.
Na mesa, havia a foto do casal depois de alguns anos de casados, porém, ainda em sua juventude. Seguido da foto de Elizabeth com a mãe, quando ganhou seus prêmios e outras tantas fotos familiares.
- Trouxe o relatório? - inquiriu a mãe.
- Sim, feito a mão como sempre - mostrou o caderno o qual não se desgrudou um minuto.
- Sei que já sabe disso, mas não podemos correr o risco de enviar essas informações por meios eletrônicos. Podem parecer só um diário para um leigo, mas se suspeitarem, é um motivo para a nossa ruína - Cordélia falava de forma séria, com os dedos entrelaçados sobre a mesa. - Os Heinz possuem inimigos, onde quer que vão.
- Eu sei, e onde ela está? - disse Liz.
- No quarto, sabe que ela fica entediada, além disso, reclamou a cada momento da sua demora. Ela já resolveu os processos pendentes que você deixou em aberto no site do PJE. - a mãe fitava melhor agora a bochecha da filha e riu de lado, não se controlando. - Pelo visto a moça é pulso firme - comentou.
Elizabeth passou a mão no rosto e massageou.
- Se quer mesmo saber, ainda arde. - Elizabeth se levantou indicando que deveria subir para ver a mulher que a tanto lhe aguardava. - Irei falar com ela agora.
- Está bem, não esqueça o caderno, ela precisa lê-lo ainda hoje - disse a mãe, fazendo Elizabeth retornar rapidamente balançando a cabeça.
Ela havia deixado sua mãe no escritório e retornava para o hall de entrada, seguindo para a longa escadaria de mogno com uma tapeçaria Royal, dirigindo-se para a ala leste daquele vão, onde lembrava ficar seu quarto. Ela seguiu aquele enorme corredor e não pode deixar de observar aqueles múltiplos olhos fitando-a. Ela suspirou ao lembrar da sua família, pois havia uma grande disputa entre os outros membros, primos e tios que não conseguiram conquistar o direito de controlar as empresas Heinz. Cuja empresa que estaria destinada a filha única dos Heinz, Elizabeth, caso provasse ser digna de levar o título da família.
Ela observou novamente a árvore genealógica da família e logo abaixo de seus pais, encontrava-se seu nome e sua foto, solitária. Seus tios tiveram mais filhos que acabaram "falecendo misteriosamente" para o público. Os ditos "primeiros Heinz" da linhagem de Amélia, saiu Maxmiliam que teve os filhos Rudolf, Artur e Edward. Os dois últimos faleceram com as disputadas e foram retirados da atual arvore genealógica que estava esboçada em sua parede. Restando apenas Rudolf, este casou com Patrícia e tiveram Joseph Von Heinz Primeiro. Sua foto também repousava sozinha.
Quanto a linguagem de Beatrix, Karl teve apenas uma filha, chamada também de Beatrix em homenagem a sua mãe. Beatrix casou-se com Marcos que deu o nome de sua filha de Charlotte, sendo a única filha referente a linhagem de Beatrix. Enquanto no lado direito, na última parte, estava sua ascendência, desde Christina e seus filhos até chegar nela, Elizabeth.
Sua mãe, Cordelia, teve complicações durante o seu parto e não pudera gerar mais. Deixando-a com um peso árduo para carregar. Ao menos, era isso que todos sabiam. Ela continuou seguindo até o quarto de portas altas e brancas. Bateu antes de entrar e lá estava a garota deitada na sua cama. Com suas roupas, dando um enorme sorriso ao vê-la.
- Demorou não acha? – disse a voz.
- Tive que resolver uns problemas – Elizabeth dizia ao se aproximar da cama e deitando do lado da outra mulher que tinha a mesma altura que a sua. – Encontrei com o Archie na praia hoje, ele estava sendo conduzido pela... irmã da... – tentou lembrar.
- Vivienne – disse a outra de forma rápida.
- Isso, esse é o nome dela – a moça virou o rosto da outra e viu a marca que ainda repousara em seu rosto alvo.
– Ela te acertou em cheio. – depositou naquela marca um beijo.
- É o seu pedido de desculpas?
- Não custa tentar – replicou a outra.
[1][1] Cinco de fevereiro de 2018
Fim do capítulo
O que acharam?
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