Capitulo 43
CAPITULO 43
Contém relatos de estupros
Alberto entrou em casa sem pedir permissão como se nada tivesse acontecido, Fabiana vinha da parte que ficava a piscina onde até bem pouco tempo estava conversando com Luíza enquanto a amiga almoçava as presas para voltar ao colégio onde Biatriz estava fazendo as provas do ENEM buscar a filha, não ficou muito satisfeita em ver o homem plantado no meio da sua sala.
— Como pode ter coragem de pôr os pés aqui?! Pode ir embora! Você não é mais bem vindo nessa casa! — Ela falava um pouco alto chamando a atenção do filho mais velho que estava lendo um livro, que fechou depositando em cima da mesinha de centro e veio ver o que estava acontecendo.
— Essa casa é minha! Comprada pelo pai do meu pai, e eu comprei a parte que cabia ao meu irmão na herança, por tanto é minha e eu venho quantas vezes me der vontade! Saia da minha frente, quero ver a minha filha. — Empurrava sem colocar muita força a mulher que não arredava o pé do local.
— Ver o quê? O estrago que você fez? Ela não quer te ver! Está com vomtade até de tirar o seu nome do dela, que prefere ser uma filha sem pai do que ter você como pai! — Com a raiva que estava sentindo, Fabiana exagerou mesmo sua intenção era machucar Alberto tanto ou mais do que ele havia feito a sua filha.
— Quero ver qual é o juiz que vai acatar uma barbaridade dessas! Não entendo você, uma mulher tão obediente de repente ter ficado cega! Mulher, eu sou o pai dela, tenho todo o direito do mundo. Enquanto ela for menor de idade, eu sou o responsável por ela. Se continuar com essa loucura, eu a coloco num colégio interno e quando ela completar a maioridade e quiser continuar na imundice, vai continuar mais sem um centavo meu. — Afirmou cheio de razão.
— Alberto, presta atenção porque eu só vou falar dessa vez. Eu, Fabiana Carla, vou dar entrada no nosso divórcio, o meu advogado está organizando a papelada e acredito que antes do final do mês você seja notificado. — Seu olhar era de pura fúria. — Acho melhor você concordar com tudo, as duas lojas você vai passar só para o meu nome junto com essa casa, vai assinar um termo abrindo mão da paternidade dos menores de idade, dos maiores você resolve com eles. — Ela estufou o peito e cutucou ainda mais o homem enquanto cuspia tudo que estava entalado. — Vou pedir uma restrição para mim e minhas duas filhas. É isso ou cadeia, estou com toda a documentação do hospital constando as agressões físicas que minha menina sofreu e a psicóloga vai dar a situação psicológica diante do que ela passou.
Tenho o testemunho dos médicos do hospital São Mateus, onde Marina foi socorrida e todos estão prontos a falar perante o juiz. Tenho tudo que possa legalmente te jogar na cadeia por um bom tempo. — Começou a enumerar e levantar o dedo à medida que explicava cada delito cometido por ele. — Ptimeiro; A Marina é menor e está amparada pelo estatuto da infância e da juventude. Segundo; É mulher, está amparada pela lei Maria da Penha. Terceiro; Negra, está amparada pela lei 7.716 Racismo. E quarto; Lésbica, crime de homofobia e não pense que vou alisar seus couros. O que você fez com minha filha, não se faz com nenhum ser humano. Alberto mesmo um pouco incrédulo com tudo que ouviu, não deu o braço a torcer. E continuou insistindo.
— Eu quero ver minha filha. Só saio daqui depois que eu ver minha filha! ― Cruzou os braços encarando os dois, ao ouvir passos olhou para escada onde os ouros três filhos desciam.
— Veio espancar mais um filho seu Alberto, não acho que não...já sei. Veio arrastar minha mãe a força para o quarto e tentar fazer as pazes do seu modo não é seu Alberto? — Dessa vez não deu tempo segurar o homem que segurou Marcos pelas orelhas puxando. — Vai arrancar, ou está com inveja do meu brinco? — Marcos se contorcia de dor ao mesmo tempo que sorria cinicamente ciente que estava deixando o pai descontrolado.
— Pára com isso Marcos, e você trate de soltar a orelha dele, antes que eu mesma acerte um murro na sua cara.
Alberto soltou a orelha de Marcos que estava vermelha, mesmo assim ele ria descaradamente para o pai que ficava com mais raiva ainda.
—Todos vocês me respeitem ainda sou o pai de vocês. — Tremia de raiva olhando a todos.
— Não, papai! — Marcelo interveio. — O senhor perdeu esse direito, é melhor o senhor ir para casa e tentar esfriar a cabeça. Pense em tudo que a mamãe falou com cuidado e procure ajuda psicológica. Não volte mais aqui a não ser que minha mãe o chame de volta, por que se vier nós o colocaremos para fora e vai ficar feio para o senhor que dá muita importância aos que os vizinhos possam falar.
Marcelo tinha uma tranquilidade habitual, raramente perdia a calma, mas sabia ser decidido em suas atitudes.
— Você está de acordo com tudo isso? — Perguntou sem querer entender o que o filho dizia.
— Estou, papai. Aconselho o senhor a repensar suas atitudes. A mamãe já deu entrada no pedido de restrição, talvez amanhã o senhor seja notificado e não poderá estar a 500 metros de onde minha mãe ou minhas irmãs estiverem, até o dia que elas quiserem. Cabe ao senhor respeitar, caso o contrário é cadeia e elas não estão brincando.
— E você vai permitir que sua irmã viva se esfregando em qualquer mulher? É isso que está tentando me dizer? — estava colérico sem aceitar a opinião do filho.
— Essa é a escolha dela, é dessa forma que ela é feliz. Foi dessa forma que ela nasceu, negar que ela faça suas escolhas é violar seus direitos mais sagrados, que é amar e ser amada pela pessoa destinada. Não devemos impedir que ela viva, portanto, não, não vejo nada demais.
— Vocês são tudo umas maricas! Vou logo avisando, isso não vai ficar assim! Onde já se viu não poder andar na própria casa! — Saiu derrubando tudo.
Alberto saiu como entrou, como um vendaval que só traz mais caos.
— Ufa! Pensei que ele fosse encrespar de novo. Ainda bem que você estava aqui meu filho. — Fabiana passou a mão no ombro do mais velho.
— Não vou deixar papai magoar você ou minhas irmãs, já chega. O que ele fez a senhora a vida toda, Marcos contou. Por que a senhora não pediu ajuda? — Encarou a mãe sério.
— Porque eu não tinha consciência do quão errado era, achava que era certo ou que eu é que tinha problemas por não gostar que meu marido tocasse em mim.
Também por vergonha, como eu só tinha a Luíza como amiga, me apavorava a ideia de contar para ela que eu era doente. — Todos sentaram, uns no sofá outros no chão.
— A senhora não procurou conversar com outra pessoa.
— Me aconselhei com a Madre do colégio, ela conhecia nós dois e estudamos lá. Ela me aconselhou a ter paciência meu marido era um homem bom e tinha seus direitos. Lembro que na época eu me senti a pior mulher do mundo. — Fabiana olhou para os filhos indecisa se contava toda a verdade ou só parte dela. Resolveu contar tudo, ali não tinha crianças só homens. — Mesmo morrendo de vergonha do que vou dizer, eu só vou contar essa vez. Quando eu comecei a ler livros e revistas especializadas nesses assuntos para explicar as coisas para a Marina, que estava virando uma mocinha rápido demais, foi aí que eu comecei a entender e descobri que não tinha nada de errado comigo. — Fabiana respirou fundo e continuou. ― Entendi que o errado era ele que não sabia como me dar prazer e que eu podia dizer não. — Marcelo abraçou a mãe enquanto ela continuava. Os outros seguiam o mais velho e tentavam apaziguar a dor da mãe. — Eu estava no meu direito de não querer, já que não me dava prazer e era contra minha vontade que o ato se consumia, que a dona do meu corpo era eu e somente eu. Podia dizer o que queria e quando queria, foi quando eu não quis mais. Faz onze anos que não tenho mais nada com seu pai, ele deve ter aí por fora com outras mulheres, comigo é que não é, acho que por isso que ele é assim.
— Ele é assim porque não presta mesmo. Por que a senhora não pediu o divórcio na época? — Marcos perguntou.
— Se fosse por mim eu tinha parado na Marina, mas ele não me ouvia e veio a Virgínia, foi quando eu comecei a ler e dei um basta, não quis e evitava. Um dia ele me pegou a força mesmo e veio o Márcio e Marcilio no mesmo ano da Virgínia. Ela em janeiro e eles em dezembro. Quando ele me forçou eu falei para ele que iria me separar, Virgínia tinha só dois messes, pedi à Luíza que me levasse com ela e quando ele soube me deu um remédio para dormir e levou vocês tudo para a casa dos pais dele, me ameaçou e mais uma vez ele me pegou a força, dessa vez eu estava dormindo. — Marcelo tentava ao máximo manter a calmo, mas em seu interior ele estava perplexo com as barbaridades de seu pai. Os meninos tinham reações variadas, uns olhavam com tristeza, outros cerravam o punho. Não disseram nada, apenas deixaram sua mãe continuar seu desabafo. — Quando acordei ele estava em cima de mim, parecendo um animal. Daí em diante eu criei coragem e não aceitei mais nada com ele. Falei que enquanto vocês fossem pequenos e precisassem de mim eu ficaria, quando já fossem grandes eu iria embora. Ele não me deixava dormir em outro quarto, mas eu sempre eu sempre ficava aqui por baixo mexendo nas coisas para dar tempo de ele dormir e depois que todos vocês estavam dormindo, eu ia para o quarto de visitas e trancava a porta, não confiava mais nele. Foi assim, às vezes eu dormia com as meninas e ele tinha vergonha de me chamar. Sempre que eu falava em separação ele ameaçava levar vocês, e eu desistia.
— Por que a senhora não dividiu com a gente a sua cruz? — Matias o mais companheiro dos filhos quis saber.
— Para não perder nenhum de vocês, ele me afastaria e ainda colocaria cada um de vocês num colégio interno, e me levaria para outra cidade, abandonando todos vocês, ele tinha numa agenda o nome e endereço de cada colégio interno no Brasil, certa vez ele me ameaçou dizendo que iria dar o Marcos para adoção, quase enlouqueço. E mesmo assim não cede em ir para cama com ele. La dentro tenho um sonífero, todo dia eu colocava na comida dele, para ele dormir rápido.
— O meu irmão tem tanto ódio dele, também acompanhou todo seu calvário e era só uma criança.
— Eu ouvia a conversa dele, e sabia de tudo mas tinha medo de contar e ele me afastar da minha mãe. — Marcos confessou de cabeça baixa.
— Taí o motivo dele ser assim tão revoltado, sofreu tanto quanto a senhora, calado. Por medo da gente não acreditar. Por isso, mamãe, eu lhe garanto, com restrição ou sem o papai não chega mais aqui na rua. Amanhã vou entrar em contato com o seu advogado e acompanhar de perto. Não é minha área, mas entendo um bocado. Nessa casa que ele diz ser dele, perdeu o direito há doze anos, no momento que a senhora pediu o divórcio pela primeira vez. — Matias parecia outro homem abraçado a mãe com olhos rasos d’agua.
— Agora eu consigo entender o porquê de ele ser tão carrasco com os funcionários, muitas vezes a gente teve que indenizar as meninas porque ele maltratava as coitadas com palavras de baixo calão que não suportavam e acabavam pedindo as contas. — Mateus recordou dos tempos passados. Marcelo completou:
— E a gente sabia que ele mantinha uma mulher lá pros lados do José Valter, uma zeladora da loja uma vez soltou que viu ele por lá e fez amizade com a mulher que sofria maus tratos do amante, só pode ser ele. Somente eu e o Matias que sabe disso. Ficamos calados porque aqui ele era do mesmo jeito, não tinha mudado em nada e a senhora nunca reclamou, então fazíamos vista grossa.
— Agora é que vai começar minha via crucias, tenho a impressão de que ele não vai me deixar em paz e nem aceitar as coisas facilmente, mas eu não volto atrás. — Fabiana afirmou.
— A gente vai estar do seu lado. — Matias disse, acompanhado de acenos dos irmãos endossando.
— Eu sei. Agora deixa eu ir lá em cima acalmar sua irmã que deve ter escutado tudo.
[...]
Na hora em que que abri a porta do quarto marina foi logo perguntando. Sem dar importância que suas amigas fossem ouvir, não tinha mais nada para esconder.
— Mamãe que confusão era aquela? Acho que ouvi a voz do papai, gritando, o que ele queria? Como, ele teve coragem de vir aqui? ― Ela estava amedrontada dava para ver no olhar, eu conheço meus filhos e doía ver um deles com medo, mesmo que tentasse esconder seus olhos grandes me buscavam como se pedissem proteção, tentei passar o máximo de segurança que pude.
— Não só teve como queria que a gente te chamasse, dizendo que queria te ver, só teimou em querer te ver. Como se não tivesse acontecido nada.
— A senhora falou para ele que eu não o quero como meu pai?
— Falei tudo que ele precisava ouvir e falei da restrição, não precisa ter medo, amanhã sai a restrição e ele não pode chegar perto de você. — Fabiana voltou seu olhar para as garotas que ouviam em silêncio.
— Quanto a vocês meninas já sabem, se a Marina estiver em qualquer lugar e o Alberto chegar, qualquer uma de vocês pode chamar a polícia, a Marina vai andar com a cópia de uma restrição que impede do pai dela se aproximar.
― Beleza, mas tia como vamos provar para a polícia que estamos dizendo a verdade? ― Lara a namorada da Bethania quis saber, e eu pensei a única conclusão que cheguei por enquanto foi essa.
― O que acham de tirar xerox e mandar autenticar para cada uma de vocês poder ter o documento nas mãos?―Elas ficaram olhando entre si, sem palavras, daquela forma que só os jovens podem fazer como se falassem por telepatia, e eu fiquei aguardando ainda escorada na porta quando por fim a propria Bethania sentenciou, e parece ter sido de acordo com todas já que ficaram caladas ouvindo.
— Pode deixar tia vamos fazer do jeito que a senhora disse e ficar de olho.
— Pode deixar tia vamos do jeito que a senhora ficar de olho. Não vamos deixar a marina a sós com ele .
— Além do mais somos quatro mulheres marrentas ele não iria querer confusão com um grupo de garotas. — Rosely sentenciou e todas concordaram. Do nada a conversar tomou outro rumo.
Fiquei ali olhando mais uma vez para as garotas que iniciaram outro assunto e desci pensando nas coisas que iria ter que enfrentar na minha nova empreitada, não ia ser nada fácil, mas estava disposta a lutar com unhas e dentes pela minha felicidade.
Obrigado a você, caro leitor, por ter chegado até aqui. A história de Marina e Biatriz continua no volume 2, agora sendo contada por Fabiana e Luíza.
EM BREVE:
MEU ÚNICO AMOR VOL. 2
A história de Luíza e Fabiana se misturando com a de Marina e Bia.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 07/06/2022
Alberto a casa caiu querido.
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