CapÃtulo Único.
Os raios luminosos do sol confrontavam a densa extensão das nuvens, fazendo reluzir um alaranjado com mais ousadia. Riu compreendendo, exatamente igual como confrontava o seu mais sincero orgulho e sentimentos, quanta ironia, pensou. Por que se permitia àquilo? Talvez fosse como o sol, lutando para iluminar a vida daqueles lá fora, que, somente em um dia sombrio, dava a devida importância ao ato. Talvez, por que, assim como ela, por sempre estar disponível, o sol, rotineiramente, tem a obrigação de passar por certas dificuldades para satisfazê-los em dias como aquele, nublado de dor e sofrimento.
Suspirou em ansiosa conformidade, a verdade era que, por mais que tentasse nunca conseguia resistir ao convite de Alexia. Era sempre a mesma coisa...
-- Vem comigo? -- A voz era em audaciosa malicia, além disso, tinha aquela súplica quentura contra os seus lábios, já ardentes de um beijo forte e possessivo. Recordou levando as mãos à eles.
-- Você é minha, minha doce menina. -- Ela encarava aqueles olhos, sempre enigmáticos. Como ela conseguia, inexplicavelmente, naqueles momentos demonstrar está interessada em tudo que poderia oferecer? Amor? A ideia lhe fazia sorrir o coração. O fato de Alexia está ali e, tão espontaneamente, lhe pedir para ir com ela parecia tão natural, tentador... Iria? Em um lugar como aquele, atender o pedido exigente, da mulher que amava, não era nada complexo, mas e o arrependimento?
-- Eu... -- Inutilmente tentaria argumentar.
-- Seja minha. -- Parecia que ainda sentia a mão altiva dela em seu queixo e as amêndoas brilhantes queimarem em desejo. -- Como só você sabe... -- Suavizou o toque e por um instante pensou ter visto um olhar doce. -- Quero o teu corpo quente. -- Ouviu-a declarar em sussurros e a beijar com volúpia. -- Quero o teu beijo ardente o teu cheiro embriagante. -- Ela disse atrevidamente solvendo o seu perfume... Involuntariamente o seu corpo lhe traia só de relembrar, notou sem deixar se perder nos acontecimentos passados. -- Quero só você, seja minha. -- Decretou.
-- Eu vou. -- Fora a sua resposta irresistivelmente obediente tomada pelo desejo fechou os olhos, sentindo o prazer, entregue ao amor, completamente entregue...
-- Por quê? -- Ela gritou exasperada dando um soco na cama e deixando uma gota de lágrima cair. Por quê? Recorreu novamente aos pensamentos.
-- Oh, você está tão molhada, meu amor. -- Ouviu aquela voz a embriagando, assim que, sentiu a ponta dos dedos dela circular seu clit*ris, provocando lentamente.
Seu corpo ardia feito fogo. Estava tão entregue que aquela posição vulnerável não a envergonhou.
-- Por favor... -- Se arqueou para trás, mas suas mãos amarradas a limitava em uma espera torturante, completamente perdida.
-- Fica molhada assim só para mim?
Já estava sem fôlego para ficar respondendo, então, apenas acenou com a cabeça em positivo, sabia que a outra a olhava.
-- Diga!
A imprevisível Alexia sempre queria que todos soubessem o que ela queria, e ela sabia, fora leigo engano fingir que não.
-- Sim! -- Esboçou quase que como grito. Não a via, mas sabia que ela tinha um sorriso ostensivo nos lábios.
Após uma noite de entrega e luxúria por horas a fio o que lhe restava era o despertar no dia seguinte, saber que tudo se repetia da forma mais cruel que sentia? O choro era silencioso, enquanto encarava os lençóis em amassados caóticos, era a representação verdadeira de como se sentia naquelas manhãs, sozinha, os sentimentos desordenados e o coração dilacerado por saber que nunca tinha forças para negar passar por aquilo.
Alexia conseguia de si uma rendição absurdamente completa, chegava a ser irreal. Era submissa dos desejos daquela mulher, e pior que isso, era submissa dos seus próprios anseios.
Por que vivia à mercê de um sentimento que somente ela nutria? Somente na angústia das lembranças que permanecia na memória, no lugar, no corpo e na alma cansada da dualidade entre uma noite encantada e um amanhecer realista.
Alexia nunca estava lá.
Ela suspirou limpando as teimosas lágrimas que desprenderam de seu olhar perdido nos pensamentos, determinada saiu da cama, pegou sua bolsa, enfiou os pés nos saltos altos de cor preta, e pela última vez naquele amanhecer ela encarou a janela de frente para realidade, no fundo de seu olhar triste nascia novamente a esperança de que um dia, aquele cenário pudesse mudar.
Fim do capítulo
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Anna Straub
Em: 17/07/2020
Sensacional... por mais que seja triste, a escrita é perfeita, é possivel sentir a dor inevitável do querer só, do vazio que fica por todos os lados da casa e da alma!!!
Bjo.
Cristiane Schwinden
Em: 19/05/2018
Amar sozinha é triste demais, mas é ainda pior quando a outra parte é uma safada aproveitadora né?
Que a mocinha encontre quem a ame.
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cidinhamanu
Em: 08/05/2018
Sofrendo por um amor não correspondido, sendo cortada ao poucos, ao mesmo tempo que não me deixa ir embora de vez.
Quem sabe na próxima não acontece... Hehe
Parabéns... Boa sorte e até a próxima...
Cidinha.
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