Despedida por Lily Porto
CapÃtulo 31 - Bárbara
Então gente, finalmente decidimos ir visitar a mãe da Cléo e aproveitar para ir ao casamento da prima dela.
Na verdade, eu meio que me intrometi na viagem deles, acho que ela ficou receosa com a minha ida. E confesso que de certa forma também fiquei, já que a dona Margarida tinha lá os "preconceitos" dela.
Mas não ia deixar a Cléo e o Ju passarem por isso sozinhos, não era justo com eles. Ia acompanhá-los nem que fosse só como amiga. Não entendi muito bem o porquê, mas em cima da hora a dona Anna me arranjou um trabalho da faculdade pra fazer.
Gente eu não sei, mas meu sexto sentido me diz que a minha filha está escondendo algo de mim. E sinceramente, eu espero que ela conte antes que eu descubra.
A semana foi corrida, mas arrumei tempo para fazer tudo. Não sou uma mulher muito chegada a salão de beleza, aquele "papo" todo me tira do sério, sabe? Não me entendam mal, eu sou muito pratica em tudo, então desde cedo aprendi a cuidar de mim sozinha, na verdade a mamãe me ensinou, então já estava acostumada a cuidar da minha depilação, unhas, cabelo... tudo em casa e sozinha.
Só que estava indo a um casamento e acima de tudo iria ser apresentada oficialmente a minha sogra. Não podia fazer feio, né?! Daí tirei um dia inteiro para resolver essas "coisinhas".
Passei a manhã na rua, mas consegui resolver tudo. Roupa alugada, cabelos, unhas, revisão do carro, hospedagem. Aparentemente tudo ok! Pronto, amanhã é dia de viajarmos.
Depois de algumas horas de viagem chegamos, preferi ir dirigindo, a Cléo tinha trabalhado o dia inteiro, enquanto eu passei o dia curtindo os nossos filhos e descansando.
Jantamos e fomos dormir. No outro dia logo pela manhã íamos visitar a dona Margarida. Estou uma pilha de nervos. Sei lá porque eu tô assim, mas preciso me controlar, vim com o propósito de ajudá-los e não deixá-los mais tensos.
Dormi muito pouco, acordei mais ansiosa ainda. A Cléo percebeu a minha inquietação. Droga... ela me lê como um livro já. Nossa. Ela simplesmente me acalmou e me envolveu naquele abraço "casa"... eu moraria aqui nesses braços, que maravilha.
O Juninho terminou de se vestir e fomos ao encontro da mãe deles. Chegando lá a Cléo ficou um pouco assustada. E eu fiz o que ela tinha feito comigo mais cedo, passei toda a segurança possível pra ela.
O papo com a dona Margarida foi até tranquilo, ela não me tratou mal. Pediu desculpas a Cléo e ficou bem animada com a visita do Junior. Ficamos de voltar no mês seguinte, no dia do aniversário dela.
A parte mais tensa do passeio fora cumprida, e correu tudo bem. Agora era voltar pro hotel, descansar e ir ao casamento.
A cerimônia foi belíssima. A Cléo chorou muito, a minha noiva é mesmo uma romântica incurável, que linda. Eu e o Ju não prestamos muita atenção na cerimônia, e claro levamos bronca dela... rsrs.
A recepção organizada pelos noivos foi de um cuidado e uma delicadeza incrível. A Cléo parecia estar meio fora do ar em alguns momentos, esse clima de casamento deixa as pessoas meio assim né...
Chegou a hora mais esperada da noite, "a hora de jogar o buquê". Claro que eu não perdi a oportunidade e fui competi-lo. Gente, parecia um enxame de abelhas, a mulherada eufórica gritando. Cada uma com o seu sentimento pessoal no coração. Eu não fazia ideia dos desejos delas, mas o meu era pedir a Cléo em casamento ali mesmo depois de pegar o buquê.
Foi uma disputa acirrada, tomei uma cotovelada na costela que doe até agora. Mas consegui pegar o buquê, voltei pra mesa em passos lentos, ainda curtindo a minha dor, enquanto imaginava um pedido improvisado:
– Senhorita Clarice, você aceita se tornar a Sra. Pacheco? – estava ansiosa pela resposta dela.
– Ela tomou o buquê das minhas mãos e sorriu – Claro que eu aceito ser a Sra. Pacheco, meu amor, é o que eu mais desejo. Só me dá um tempinho.
– Olha lá viu amor. Não vai me enganar. – ela sorriu e eu me derreti inteira.
– Boba, por mim casaríamos agora mesmo. Mas você sabe bem que precisamos ajustar algumas coisas – depositou um beijo em minha face.
Vocês viram como a minha mente viaja né, esse pedido foi o que eu imaginei fazer, mas fiquei com vergonha quando cheguei na frente dela, rsrs.
Daí simplesmente conversei com a Cléo sobre casarmos logo, ela aceitou, me pediu apenas um ano para organizarmos tudo o que precisamos.
Terminamos de curtir a noite maravilhosa e fomos embora. No outro dia pegaríamos a estrada cedo. Tô morrendo de saudade da minha filhota.
O dia mal amanheceu e nós já estamos a caminho de casa, deu um certo trabalho, mas consegui convencer a Cléo a almoçar conosco.
Enfim chegamos...teria sido melhor ter passado na casa da Cléo antes como ela queria. Mas que merd* é essa na minha sala? Eu me recusei a acreditar no que estava vendo.
A minha filha nua, deitada sobre um rapaz, que por sinal também estava nu. Eu disse que estava acontecendo algo.
O que eu fiz? Vou contar pra vocês agora mesmo. Quando nos deparamos com a cena eles estavam dormindo. Fiquei em choque por alguns segundos. A cara da Cléo foi denunciante, ela sabia do que estava acontecendo e não me disse nada.
– Anna Gonçalves Pacheco, o que está acontecendo aqui? – ela quase caiu com o susto que levou e levantou tentando se cobrir.
– M... mã... mãe. – ela estava visivelmente nervosa, e tentou pedir ajuda a Cléo com os olhos... que balançou a cabeça em sinal negativo.
– Dona Bárbara eu queria pedir permissão... – não esperei ele terminar de falar.
– Permissão pra se vestir e sair da minha casa agora, você tem. Pra qualquer outra coisa não.
Vi o rapaz tremer enquanto se vestia e Anna começou a chorar, a Cléo continuou em pé do meu lado, sem dizer uma palavra.
– Dona Bárbara, eu... – mais uma vez o interrompi.
– Se retire da minha casa, por favor. Agora não é uma boa hora para conversarmos.
– Mãe, por favor. Não faz isso, a culpa não é dele – Anna tentou argumentar entre lágrimas.
– Não o estou culpando por nada. Apenas pedi para que se retirasse. – Acompanhei o rapaz até a porta. – Tenha um bom dia. – respirei fundo antes de voltar a olhar para Anna.
– Eu acho melhor você ir tomar um banho e se vestir antes de conversarmos. – o tom da minha voz deixava clara toda a minha irritação.
– Mãe deixa eu explicar...
– Eu já falei Anna, vá tomar um banho e conversamos. É o tempo que preciso para conseguir digerir o que vi aqui.
– Mas mãe...
– Anna eu já disse. Suba, por favor. – a essa altura a minha voz já estava totalmente grave, isso acontecia quando eu me irritava.
– Amor, por favor. – a Cléo enlaçou a minha cintura. – Não seja tão dura com ela.
– Você ainda não me viu ser dura. E não ache que não percebi que você sabia dessa história não. Porque o olhar da Anna lhe suplicando ajuda, entregou a sua “culpa”.
– Ela me pediu segredo Amor. Diz que você nunca escondeu uma paixãozinha, diz. – beijou meu rosto.
– Você sabe muito bem o quanto escondi uma paixão. – mostrei a língua pra ela. – Mas a questão não é esconder uma paixãozinha. Ela traiu a minha confiança. Eu viajei e a deixei sozinha em casa. Daí ela enfiou o peguete, ficante, passa tempo... sei lá como chamam hoje em dia. Aqui dentro, sem que eu soubesse, e sem o meu consentimento.
– Tudo bem Amor, eu te entendo. Só não seja muito dura com ela. Foi apenas um deslize. Nós já tivemos essa idade e sabemos bem como as coisas funcionam.
– Sempre com esse jeito de ver as coisas, né amor. Nossa. Mas não se preocupa. A dona Anna não vai passar o resto do ano de castigo.
Enquanto conversava com a Cléo a Anna retornou a sala e sentou no sofá de frente pra nós. O Ju já tinha acordado e estava na varanda brincando. A conversa com a minha noiva me deixou mais calma e decidi resolver logo as coisas com minha filha.
– Eu vou deixar vocês conversarem. – levantou, mas segurei sua mão.
– Fica amor, por favor. Em breve seremos uma família só – ela voltou a sentar do meu lado. Olhei pra minha filha – Então Anna, o que tem a me dizer?
– Mãe, desculpa. Eu sei que acabei traindo a sua confiança, não era essa a minha intenção. O Beto não teve culpa de nada, nós saímos ontem a noite, e voltamos muito tarde, como estava chovendo e estávamos de moto, chegamos aqui pingando, ai tiramos a roupa e ficamos aqui mesmo no sofá...a senhora deve imaginar o que aconteceu depois... – ela ficou vermelha e toda envergonhada.
– Entendi Anna, mas porque eu nunca soube da existência desse tal Beto?
– Porque eu não contei nada a senhora, estava esperando o melhor momento. – abaixou a cabeça.
– Filha eu nunca proibi você de namorar, mas sempre lhe dei confiança pra que me contasse tudo. Eu não gostei da sua atitude, e você sabe disso. Se você quer ter algo com esse rapaz eu não vou impedir. Mas se continuar abusando da minha confiança, a nossa relação vai ser abalada. Você não acha?
– Eu sei que foi errado o que eu fiz mãe. Mas é que ele é mais velho e não sabia o que a senhora ia achar disso. Fiquei com medo de... sei lá.
– Meu amor – segurei suas mãos. – Eu nunca tive essas frescuras de idade, se ele te faz bem e você está feliz é o que importa pra mim. Mas você sabe que depois dessa atitude vai ser punida, não sabe? – ela balançou a cabeça em sinal afirmativo.
– Amor não precisa castigar a menina, ela sabe que não foi certo o que fez. – a Cléo que se manteve calada durante a conversa, se pronunciou.
– Cléo, se eu deixar que algo desse tipo passe sem um castigo, querendo ou não estarei dando abertura pra que aconteça novamente. Eu preciso sim castiga-la agora pra que ela não venha cometer o mesmo erro, ou algo parecido futuramente.
– Tudo bem Dengo. – ela acariciou o braço da minha filha, como quem diz “eu estou aqui com você, não se preocupa”.
– Anna, a chave do carro e os cartões de crédito, por favor. – ela me entregou o que pedi. – Um mês de casa para a faculdade e da faculdade pra casa, ok? Ah, e se o rapaz quiser algo com você, manda ele vir me procurar pra conversarmos. – levantei pra pegar meu celular que estava tocando.
– Oi Alê. Não. Íamos almoçar por aqui mesmo. Isso, chegamos nestante. Certo, vamos sim. Daqui a pouco chegamos ai. Tchau, beijo. – encerrei a chamada. – O Alê nos convidou pra almoçar na casa dele. Dona Geralda e seu Marcos estão lá, e querem nos ver. Amor você e o Ju vão conosco, né?
– Dengo – ela me olhou com uma cara cansada. – Eu queria descansar. Tô cansada, e meio moída ainda da viagem.
– Tudo bem amor, eu te deixo em casa antes de ir para o Alê. Me dá só 20 minutos pra me arrumar, tá? – beijei seu rosto.
– Ela respirou fundo antes de me responder. – Vamos fazer assim, almoçamos todos no Alê. E depois vamos lá pra casa, daí você e Anna dormem lá. Ai amanhã você leva o Ju pra escola e eu levo a Aninha pra faculdade, tá bom assim?
Olhei pra Cléo e balancei a cabeça, ela estava de todas as formas tentando me convencer a diminuir o castigo da Anna, a minha noiva é realmente uma mulher incrível.
– Sorri – Tudo bem Cléo, fazemos da forma que você falou.
– Ah e não se preocupa, nesse um mês que a Aninha ficará sem carro, eu faço questão de levar e buscar ela na faculdade. – ela olhou pra minha filha e sorriu. – É o mínimo que posso fazer, diante de tudo que vocês fazem por nós. Agora vai se ajeitar, pra não nos atrasarmos – piscou pra mim.
Estava saindo da sala quando a Anna me chamou.
– Mãe – virei para olha-la. Ela correu ao meu encontro, e me abraçou. – Desculpa. Eu não queria decepcionar a senhora. Perdão por essa bobagem, isso não vai acontecer mais. Eu te amo. – beijou meu rosto.
– Foi impossível não chorar ao ouvir isso dela. – Eu te amo meu bem. E tá perdoada sim. – beijei seu rosto e apertei o nosso abraço, antes de soltá-la.
Cerca de meia hora depois saímos de casa. O almoço na casa do Alê com os sogros dele foi maravilhoso, eles nos tratavam como filhos, nos viram crescer. Minha cunhada cresceu conosco, morávamos no mesmo bairro durante a infância. Ela e meu irmão se apaixonaram na adolescência, e até hoje vivem a história de amor deles.
Saímos de lá no meio da tarde e seguimos pra casa da Cléo, minha filha ainda estava meio tristonha. Eu estava no quarto do Ju assistindo "Doutor Estranho" com ele. Enquanto a Cléo conversava com ela na sala. Acabei adormecendo por lá mesmo. Acordei com ele me chamando pra ir jantar. Segundo ele a mãe dele tinha feito algo que eu gostava muito, e saiu sorrindo. Quando cheguei na mesa encontrei o meu prato florido, ela tinha feito lasanha para ela e pros meninos, e salada pra mim. Acho que esse mês vai ser de castigo pra mim também, rs.
Fim do capítulo
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patty-321
Em: 19/04/2017
Elas sao maravilhosas. A bah até pegou leve com a Ana.e Cléo todo tempo aparando as arestas. Elas formam uma linda famÃlia. Qual não tem problemas? Amo o jeito q vc escreve Lily. Parabéns pela estória. Bjs
Resposta do autor:
Também achei que a Bah foi bem gentil no castigo da Anna viu Patty, rsrsrs. Pois é, todas as famílias tem lá os seus problemas... e nada melhor que a união para ajudar a resolve-los.
Obrigada querida por acompanhar a história, se cuida tá, bjs.
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