Então retornando às minhas atividades espero que curtam
CapÃtulo 2 - O livro Azul - Cahya
Abri os olhos atordoada, sentia-me enjoada como se tivesse sido chacoalhada, a luz me cegou por alguns segundos, o ar estava meio gélido, senti minhas mãos doloridas, quando percebi o meu redor me dei conta que estava dentro de uma gaiola imensa de ferro enferrujada, nunca tinha visto tanto ferro junto, conhecia apenas pela velha espada de mãe, que me dissera que era uma herança amaldiçoada de sol para os homens. Eu não entendia por que ela a mantia algo amaldiçoado consigo, ela me dissera que a espada ainda tinha algo a realizar na terra.
Minhas mãos estavam atadas fortemente, e doíam bastante, o sol quase à pino era escondido pela névoa gélida, não reconheci o ambiente ao meu redor, eu estava em movimento, em cima de algo com rodas, carroça, Mãe havia me ensinado, era uma invenção dos homens, olhei para frente e vi um cavalo negro, parecia cansado e maltratado, exatamente como mãe falou, homens maltratavam todos os seres vivos. Ele relinchou baixinho, dizendo que estava mal por causa do peso, algo do tipo, eu entendia a voz dos bichos. Alguns eram mais difíceis como Wani, isso por que ele ficava gritando: Coelhos! Coelhos! Era um bobão, mas aquele cavalo era mais inteligente. Me levantei e fiquei bem próximo dele. E tentei sair da jaula, mas era impossível.
-Hei, amigo – falei na língua sagrada, as orelhas dele se agitaram, mas ele não quis falar, ou talvez não me entendesse muito como Wani. – pra onde estamos indo?
-A terra do gelo, aonde minhas patas congelam. – respondeu ele como se estivesse sussurrando. – como consigo te entender?
-Minha mãe me ensinou a língua sagrada dos seres vivos. Por que você não para já que está cansado?
-Meu dono me bateria, precisamos chegar ao rio até o pôr do sol.
-Dono? O Que é isso?
-Você não é dessas terras, é? O Que é isso na sua cabeça? Algum tipo de capacete?
-Não, venho da terra de Tanah Kita, e isso É minha cabeça, Mãe disse que se chamam chifres.
-Olha, eu já caminhei todos os 4 reinos nunca ouvi falar de um lugar chamado Tanah Kita. O lugar de onde te tiramos se chama Maagd Landen, e só sei isso por que meu dono vive falando esse nome.
-Cadê esse seu dono?
-Ele tá ali na frente, na outra carroça. Ele é meio mal, então, eu não tentaria fazer nenhuma gracinha, se você me entende.
-Eu quero sair, quero ir pra minha casa.
-Acho que você não vai poder, você é uma prisioneira agora.
-Prisio- o quê? – nesse momento a carroça da frente parou e um bicho gordo e com cabelo na cara desceu, ele fedia mais que estrume, era um homem, com certeza. Ele pegou uma corda comprida e bateu no cavalo.
-Para de relinchar, seu vervloekt! – Mãe não tinha me ensinado aquela palavra, mas eu acho que ela significava alguma coisa muito ruim. O homem veio em minha direção e me deu um sorriso nojento que me revirou o estômago. – Aberração idiota, vou ganhar um bom prêmio por sua cabeça. – então ele cuspiu no chão e arrumou a roupa engordurada de urso. E voltou pra carroça, me fazendo agradecer à deusa.
-Desculpa, amigão. – disse ao cavalo.
-Não precisa se desculpar, acho que eles não estão acostumados a me ouvir conversar, essas viagens são tão solitárias... e eu já me acostumei com o chicote.
-Por que não foge?
-Fugir pra onde? Eu morreria de fome. Agora por favor, fique em silêncio, não quero apanhar mais.
-Me desculpe – falei por fim, mas queria muito dizer que em Tanah Kita ele teria campos onde correr livre e muita relva pra comer. – Qual seu nome?
-Eu não tenho nome. – Disse ele falando baixinho.
-Posso te chamar de Amigão? – ele bufou como se sorrisse. – não gostou?
-Não é dos melhores, mas é um bom começo – Amigão ficou em silêncio, e respeitei aquilo, não queria que aquele homem nojento o maltratasse de novo. Passamos o dia subindo as montanhas, estávamos saindo de Tanah Kita, chegamos ao alto da estrada e consegui enxergar a floresta, eu havia passado a noite desacordada, o sol começara a esquentar. Passamos o dia naquela viagem cansativa, o sol queimava, e eu não conseguia ver Wani em nenhum lugar, será que ele estava bem? Não paramos nenhum tempo sequer. Amigão resmungava baixinho de cansaço. O sol se escondia, graças à deusa, estava com muita fome, ao longe senti o cheiro de terra molhada. Era um rio, eu tinha certeza. Aos pouco comecei a ouvir o ruído forte do rio, quando me dei por conta ele corria caudaloso e forte, era agradável a brisa ao seu entorno. O Homem parou e desceu com outro homem mais jovem que se aproximou da Jaula em que eu estava, libertou Amigão que foi até o rio quase morrendo, amigão bebeu, minha garganta estava ressecada, mesmo assim não tive coragem de falar nada ao homem, minha pele ardia. E eu sentia raiva, tentei afastar aquele sentimento de dentro de mim, Mãe dissera que sentir aquilo era mau. O Homem jovem me olhou com uma cara que me deixou enojada.
-Até que ela é bonita. – disse o jovem, o homem velho riu com desprezo.
- Você tem um gosto horrível, Dik, e nojento.
-Será que eles precisam que ela seja virgem? – continuou o jovem com aquela expressão imunda. Rangi os dentes para ele.
-Não sei - falou o velho, mijando no rio.
-Droga. Eu queria tanto dar uma relaxada – falou mexendo nas correntes da jaula, como se estivesse abrindo.
A noite havia caido, e vi a deusa guerreira Lua por entre as árvores que encobriam o céu.
- Deusa kalanggengan, peço que me escute – roguei baixinho – Me ajude, por favor. – então comecei a sentir um vento cálido vindo do oeste, em pouco tempo senti os pingos mornos caírem do céu, estava chovendo, O homem jovem correu pra sua carroça coberta falando palavras feias, o velho re-amarrou Amigão à jaula e voltou pra sua carroça. e continuamos a andar, senti-me regozijada, a chuva refrescava minha pele, abri a boca e comecei a matar minha cede. A deusa havia me protegido do homem mau e matado minha cede.
Andamos a noite toda, a chuva não me incomodava, já tinha passado noites assim na floresta. O Chacoalhar que me tirava do sério, Amigão se desculpava quando havia algum desnível na trilha que me fizesse bater nas grades da jaula, consegui dormir.
Ao acordar percebi que já era quase aurora e sol ria-se de mim. Ao levantar vi que as montanhas tinham ficado para trás, mas o terreno continuava a descer e na longínqua planície eu a vi.
Negra e alta encrostada na floresta como se fosse uma cicatriz, então entendi uma coisa que mãe me falou há muito tempo, aquilo era uma cidade, só poderia ser uma aglomeração de homens, e a estrada serpenteava direto para lá!
Fim do capítulo
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