Capítulo 13 - solidão é lava, que cobre tudo
Quis abraçá-la forte quando vi que o almoço era comida japonesa. Não precisei, minha cara falou por mim.
- Ainda lembro seu prato preferido.
- Feliz por isso!
Almoçamos tranquilamente, sem que o assunto interrompido voltasse à tona. Melhor assim, naquele momento queria viver de amenidades.
Já era fim de tarde quando acabamos de lavar os pratos. Quanto mais a noite se aproximava, mais eu ficava inquieta sobre o que viria a seguir. Algo se alternava em mim, entre congelar o tempo para que pudéssemos ficar ali, nós duas, e coloca-la para fora dali e ficar só, onde ninguém pudesse me machucar.
Até que fui puxada dos meus pensamentos.
- Lu, como você está?
- Bem - respondi sem muita certeza de onde aquilo ia dar.
- Você quer que eu vá embora?
Senti meu corpo congelar e percebi que o sorriso apagou-se do meu rosto imediatamente. Era chegada a hora.
Não queria parecer fraca e pedir que ficasse, ao mesmo tempo não queria ficar sem a companhia dela.
- Tô bem, mas antes de ir, você pode me levar até o escritório para eu pegar o carro? - pedi, querendo mantê-la comigo um pouco mais.
- Claro!
Peguei meu carro, passei no supermercado pra comprar algumas coisas que amenizassem minha solidão num sábado à noite, e voltei para casa com uma massa, chocolate e chá, muito chá.
Cheguei em casa e tentei me entreter primeiro com um livro, depois com uma série e, por fim, com o trabalho. Estava finalizando uma peça e a primeira garrafa de chá, quando meu celular tocou.
Para quem tinha apostado num sábado tranquilo, parece que o jogo estava começando a virar.
- Alô?
- Dona Luísa? É seu Manuel, que toma conta aqui da casa da senhora.
- Oi, seu Manuel, algum problema?
- Na verdade, sim. É que um cano estourou na cozinha e a casa tá toda alagada. Eu já chamei o encanador do condomínio e fechei o registro geral. Ele tá vindo pra cá, mas preciso que a senhora venha também caso ele precise de algum material.
- Chego aí em 30 minutos seu Manoel.
- Pode vir com calma, eu vou ficar por aqui.
Tomei um banho, coloquei um jeans e uma camiseta e cheguei lá a tempo de quase dar um mergulho na cozinha.
Seu Manoel já tinha enxugado grande parte da água, mas ainda tentava expulsar o resto com o rodo.
O encanador estava com a cabeça embaixo do balcão quando entrei.
- Boa noite.
- Oi, dona Luísa, já tirei quase toda a água, só falta passar um pano na sala. Chico tá aí vendo o que pode fazer.
- Muito obrigada, Manoel. Chico, você já sabe o que aconteceu?
- Falta de uso, dona Luísa. O joelho que liga os dois canos ressecou a partiu. Dê uma olhadinha aqui.
Abaixei para conferir o estrago e o que senti foi uma grande quantidade de água me atingir direto no rosto. Fiquei ensopada. Quem tá na chuva, né? Mas o sacrifício valeu para dar uma olhada.
Estava segurando o cano enquanto Chico procurava um joelho novo em sua caixa de ferramentas, quando senti uma mão me puxando pela cintura.
- Desde quando você entende de cano, moça?
- Carol? - disse, surpresa. O que você está fazendo aqui?
- Seu Manoel deixou um recado. Assim que ouvi vim pra cá - respondeu.
- Desculpe, dona Carol, eu não consegui falar com a senhora aí liguei para dona Luisa - se explicou.
- A casa é nossa, Manoel, não tem porque se desculpar - disse ela - Chico, quanto tempo pra deixar isso aí em ordem?
- Mais uma hora e acabo aqui - previu ele.
- Lu, você jantou? - perguntou ela.
- Não.
- Vou pedir alguma coisa pra gente, então - falou. Chico e Manoel querem jantar com a gente?
- Não senhora, minha patroa tá me esperando pra jantar - adiantou-se Manoel.
- Eu já jantei, obrigado - renunciou Chico.
- Bom, então, o que você quer comer, Lu? - consultou ela.
- Qualquer coisa - falei, sem fazer nenhuma questão de decidir.
- Quer comida chinesa? - perguntou.
- Quero sim! - concordei.
Sentamos na mesa do jardim para jantar e conversamos tranquilamente, embora os assuntos não fossem assim tão amenos.
- Você pensa em voltar pra cá? - perguntou ela.
- Acho que essa casa é um projeto nosso. Não tenho planos nem coragem de tornar isso meu.
- Lu, precisamos decidir o que fazer. É caro manter isso aqui de pé. Estamos sustentando, cada uma, duas casas. Não quero te pressionar, mas acho que precisamos pensar no que faremos.
- Você tem razão.
Fim do capítulo
Ao menos o cano está sendo consertado. O coração também?
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Gleicy Clara Dourado
Em: 29/07/2018
Autora diaba! PELAMOR quando é que Lu vai perdoar Carol? Nao2aguento mais essa espera, por favor.
NovaAqui
Em: 23/07/2018
Carol está tentando. Vamos ver se vai conseguir reconquistar seu amor. Está difícil, mas ela vai conseguir. Eu acho ;-)
Vamos lá Carol! Surpreenda Luísa com alguma coisa que vá deixá-la encantada. Uma viagem para o lugar dos sonhos. Um animal de estimação ou algo que ela queira muito.
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Vamos cruzar os dedos para Carol ter uma ideia que consiga aquecer o coração de Lu!
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Jebsk
Em: 23/07/2018
Luiza está cedendo cada vez mais e isso é bom para ambas. Falta Carol investir em umas flores, chocolates, pelúcias ou uma surpresa incrível. Algo bem romântico.
Resposta do autor:
Jebsk e NovaAqui, vocês podiam se juntar e dar uma ajudinha a Carol, né não? o que acham? #JebskeNovaAquijuntascomCarol.
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Mello
Em: 23/07/2018
Contínuo achando que ela deveria dar uma chance para a Solange, pois apenas erros podem ser perdoados, e traição não é um erro, é uma escolha.
"Uma das piores dores do mundo é obrigar a cabeça esquecer aquilo que o coração lembra a todo instante."
Resposta do autor:
Pois é, o problema ai é que o amor não é racional e o coração, vez por outra, bate mais forte por alguém que não é perfeito.
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