Capítulo 20 ME CHAMO SAKURA
A ILHA DO FALCÃO -- CAPÍTULO 20
Me chamo sakura
Talita puxou a moça até a praia. Ajoelhou-se junto a ela e examinou-a. Ela respirava, então não precisaria fazer as manobras de reanimação.
-- Ei moça -- a médica inclinou a cabeça e acariciou-lhe a face com as pontas dos dedos -- Ei acorda -- Talita observou que ela tinha uma grande ferida na perna e sangrava muito. Ficou a olhar para ela, planejando o que faria a seguir.
Nesse momento, a moça tossiu e remexeu-se.
-- Calma, está tudo bem agora -- Talita murmurou, afastando-lhe o cabelo da testa.
A ruivinha abriu os olhos. A respiração entrecortada provocava-lhe intensa agonia no peito. A perna também doía muito, mas, pelo menos, estava viva. Pensou aliviada. Atordoada e atônita, fixou os olhos na figura bela que a encarava de forma preocupada.
-- Liga pro mar e avisa que você está aqui -- sussurrou com a garganta ardendo, devido a toda água salgada que ingeriu.
Talita pensou que ela estivesse delirando.
-- Por quê? -- a médica perguntou com delicadeza, aproximando-se para ouvir melhor.
-- Porque eles podem dar falta de uma sereia!
A médica ficou indignada e esbravejou:
-- Eu aqui toda preocupada e você me vem com gracinhas.
-- Está preocupada à toa. Eu estou muito bem -- disse num sussurro abafado, o que evidenciava a sua dor.
-- Estou vendo -- resmungou Talita, pondo-se de pé -- Vou até o carro buscar a mala dos primeiros socorros.
-- Vai lá gostosa -- sussurrou.
Talita se voltou para ela.
-- O que?
-- Nada. Vai lá, pequena sereia.
A médica saiu correndo e voltou em poucos minutos. Ajoelhou-se ao lado dela e verificou que a hemorragia havia diminuído de intensidade. Limpou a área machucada e fez um curativo provisório com uma gaze e faixa.
-- É uma ferida profunda -- comentou -- Vai precisar levar pontos.
-- Não vai ser preciso -- no entanto, naquele momento, quando apoiou na perna todo o seu peso, fez uma careta de dor -- Droga! -- mancava a cada passo, tentando não se apoiar na perna ferida.
-- Larga de ser teimosa. Áreas do corpo que se movem muito, como a perna, precisam mais ainda de pontos para que se mantenha fechado. Tem também o risco de infecção. Os pontos reduz a chance de infecção e faz com que o ferimento se recupere adequadamente -- a médica ofereceu o ombro para que ela se apoiasse -- Ou está com medo?
-- Medo eu? Fique sabendo que quando morei no Paraná, o meu bar preferido era o Risca Faca do Peludo -- a ruiva balançou a cabeça, inconformada -- Era uma facada todo fim de semana. Imagina se vou ter medo de uma agulhinha de nada.
Talita riu quando ela, contrariada, afastou sua mão recusando ajuda.
-- Então vamos -- Talita insistiu e ajudou-a a chegar ao jipe, onde ela se deixou cair ao banco com um grito de dor. A médica ligou o veículo, manobrou e saiu em disparada com o carro.
-- Tudo bem? -- Perguntou ela enquanto parava em um semáforo.
-- Estou bem, sim -- respondeu, ajeitando-se melhor no banco.
-- Que bom -- Quando o sinal abriu a médica arrancou com cautela -- Chamo-me Talita, e você, como se chama?
-- Sakura -- respondeu, sem olhar para a médica.
-- Tá de brincadeira, né -- Talita olhou-a de soslaio.
-- É sério. Minha mãe era fã da Sakura Card Captors. Caso nascesse um menino ela registraria como Shaoran.
A cara que Talita fez foi cômica, mas a ruivinha segurou o riso.
-- Seria pior se ela fosse fã do Dragon Ball Z. Meu nome poderia ser: Chi-chi, Bulma, Videl... -- a ruiva franziu o sobrolho quando viu um adesivo com o logotipo dos hotéis Falcão no painel do jipe -- Você trabalha para a Natasha Falcão?
-- Faço parte da equipe médica -- ela respondeu sem tirar a atenção do asfalto bem conservado da principal rodovia da ilha.
Apesar do rosto bonito e brioso estar completamente inexpressivo, não demonstrando qualquer tipo de emoção, interiormente estava hesitante e baixou os olhos decepcionada.
Talita parou o jipe no estacionamento reservado para os funcionários do ambulatório. Livrou-se do cinto e virou-se para a ruiva.
-- Vou pegar uma cadeira de rodas -- anunciou.
-- Me nego a sentar em uma cadeira de rodas -- disse com a cara fechada.
-- Mas é...
-- Não insista. Por favor -- ela afirmou irredutível.
Talita bufou, irritada. E, dando a volta no carro, abriu a porta e estendeu a mão, para ajudá-la a sair.
-- Vamos antes que eu me arrependa e te devolva ao mar.
-- Iemanjá vai adorar. Não é sempre que ela recebe uma oferenda magnífica como essa -- Num gesto brincalhão, suas mãos subiram pelo próprio corpo, deslizando cintura acima, até juntarem-se sobre os seios.
-- Eu mereço -- Talita comentou, aproximando-se do banco do carro e sorrindo para a moça.
Assim que entraram no ambulatório, Talita chamou uma técnica de enfermagem e pediu para que ela preparasse a sala de sutura.
Sob a supervisão da médica, a moça limpou-lhe a ferida e deixou pronto para a sutura.
-- Isso dói -- reclamou a falsa Sakura.
-- Sim, mas não temos alternativa senão desinfetá-la bem -- respondeu Talita -- Precisamos remover tecidos necróticos (mortos), corpos estranhos e toda a superfície da ferida.
Enquanto suturava, Talita conversava com a ruiva. É uma boa técnica para manter o paciente menos agitado.
-- Os pontos cirúrgicos, na maioria das vezes, são feitos à moda antiga: com agulha e linha. Os pontos, servem para aproximar as bordas de ferimentos. Essa junção das bordas facilita a cicatrização e a regeneração dos tecidos cortados. Na maioria dos casos, costurar com linha e agulha é a melhor opção. As linhas podem ser feitas com material de origem animal e vegetal (como colágeno do intestino bovino, seda e algodão), com fios de aço ou materiais sintéticos (náilon e poliéster, por exemplo). O tipo e a espessura de linha ideal para fechar um ferimento dependem da profundidade do corte e do tecido atingido -- Talita olhou para a moça e percebeu que ela estava pálida -- Tudo bem? Posso continuar?
-- Tem outro jeito? -- ela fechou os olhos e rezou para que não perdesse a consciência. Não queria pagar esse mico diante da doutora gostosa.
-- Não! -- a médica respondeu sorrindo -- Não tem outro jeito.
-- Então, pode continuar.
-- Sabia que na Antiguidade, egípcios, indianos, gregos e romanos usavam desde fibras de plantas e fios de cabelo até garras de formiga para fechar cortes? E os pontos mais antigos conhecidos estão em uma múmia com mais de 3 mil anos? Que do início da era cristã até o século 19, quase nada mudou. A inovação mais recente são os fios sintéticos, da década de 1930?
-- Não... Não sabia.
-- Viu quanta coisa você aprendeu graças a esse corte?
-- Belo consolo -- "Sakura", revirou os olhos.
A técnica de enfermagem aplicou-lhe anticéptico, cobriu-a com uma gaze e faixa. Depois prendeu tudo com esparadrapo.
-- O que achou? -- perguntou a técnica quando acabou -- Ficou uma beleza.
-- Está muito bom, obrigada -- respondeu "Sakura" -- Você fez um ótimo trabalho.
-- Obrigada -- disse, com um sorriso gentil e saiu.
-- Vou te dar um analgésico e um anti-inflamatório -- Talita tirou uns comprimidos de uma caixa e entregou para ela com um copo com água. A ruiva tomou-os e deitou-se para trás, visivelmente dolorida. Não resistindo à curiosidade, a médica perguntou: -- O que aconteceu?
Ela não respondeu de imediato. Seus olhos se apertaram, fazendo Talita acreditar que ela estava escolhendo muito bem as palavras.
-- Meu navio pirata naufragou.
A médica suspirou, como se ligeiramente irritada.
-- Fala sério -- pediu.
Sim, ela merecia saber a verdade. Pensou a ruiva. E diria tudo a ela naquele exato instante.
-- Estava nas pedras e deixei a minha mochila cair no mar. Nadava como louca e bati em qualquer coisa. Talvez fosse uma rocha.
-- Foi um corte bem profundo e imagino que não vá conseguir apoiar a perna durante alguns dias. Está hospedada aonde?
-- Estava hospedada em minha barraca, mas infelizmente o mar levou ela embora.
Talita olhou para ela incrédula e complemente surpresa.
-- É mais uma de suas gracinhas?
-- É sério. Estava indo para o outro lado da ilha aonde a sua chefinha e os seus capangas não pudessem me encontrar.
Talita pareceu achar engraçado.
-- O que é que você está achando engraçado?
-- É proibido acampar na ilha, mas a Natasha não costuma sair por aí caçando campistas. Ela é bem esnobe. Se é que você me entende.
-- Foi sem querer, ela devia estar apenas passando pelo local, mas enfim, fui expulsa de lá e agora estou sem barraca, sem lenço e sem documento.
-- E agora? -- peguntou Talita, compadecida -- O que vai fazer?
-- Agora não me resta outra saída a não ser invadir a cabana da senhorita Falcão e curtir a minha estadia sem se preocupar em acordar com uma cobra enrolada no pescoço, ou um morcego agarrado ao meu dedão do pé.
Talita começou a rir e a ruivinha também desatou às gargalhadas.
-- Você está pensando mesmo em fazer isso? Natasha vai te matar.
-- Não... Ela não vai me matar -- apertou os lábios, pensativa -- Olha doutora, eu gostei de você. Sinceramente. Não costumo me enganar com relação as pessoas. Achei você confiável e honesta.
-- Onde está querendo chegar? -- a médica perguntou, compreensivelmente desconfiada. Afinal de contas, aquela estranha era misteriosa demais.
-- O que estou querendo dizer é que estou em uma péssima situação, onde serei obrigada a confiar em você. E que Deus me ajude, você não faça parte daquela corja nojenta que cerca a minha irmã.
Os traços de Talita se contraíram em uma expressão com mescla de desconfiança e surpresa; ficou de boca aberta estupefata e sem palavras. Apenas sussurrou:
-- Carolina?
-- Será que tem algo aí pra mim comer? Não sou muito exigente, pode ser um pão com mortadela, mesmo. Estou desde ontem sem comer.
Andreia sentou-se no sofá de uma pequena, mas luxuosa sala. De onde estava, via os funcionários da loja correndo de um lado para outro com peças de roupas nas mãos, bandejas com água, café, salgadinhos.
Ficou observando Natasha por uns instantes. Ela estava encostada contra um balcão de vidro sendo bajulada pelo gerente da loja. Ela esbanjava charme, beleza e uma arrogância deliciosamente irritante.
Sidney trouxe um vestido, girando-o diante do corpo. Era verde com detalhes em branco, uma combinação belíssimo e surpreendente. Aquele era de longe o modelo mais ambicioso e caro da loja e provocou a reação que o rapaz esperava: Andreia estava literalmente em choque.
-- É maravilhoso, Sidney. Simplesmente de tirar o fôlego.
-- Bom gosto, querida. Sou requintadíssimo -- Ele fez um gesto chamando a vendedora para mais perto -- Vamos levar esse também.
-- Ótima escolha. Essas peças são especiais, temos apenas um modelo na loja -- disse com um sorriso amigável no rosto -- Ele custa...
-- Não quero nem saber quanto custa -- disse Sidney, com despreocupação -- Minha amiga gostou, isso é o que importa. Agora busca uns shortinhos e umas blusinhas, mas que seja fashion.
A moça fez que sim e desapareceu por entre cabideiros e armários.
-- Já sou fã número um de sua irmã -- Sidney parou diante do espelho, virando-se de um lado para outro, para ver todos os reflexos -- Ela é glamorosa, magnífica. Que poder!
-- Foi você quem deu a ideia de virmos aqui. Não foi?
-- Lógico, ou você acha que eu perderia a oportunidade de dar uma lição naquela desmilinguida? Ela nos humilhou, meu bem. Agora está lá com o rabinho entre as pernas, morta de medo que a gente comente com o gerente o que aconteceu.
-- Se depender de mim ela pode continuar trabalhando nessa loja até se aposentar -- comentou Andreia, sem dar muita importância à questão.
-- O que deve ser lá pelos noventa anos -- disse Sidney e sem conseguir evitar, se jogou sobre a poltrona caindo na gargalhada.
-- Você fica ainda mais linda quando sorri.
Assustada, Andreia virou-se. A mulher bela e bronzeada estava inclinada e um pouco distante, os olhos verdes expressavam felicidade. Natasha permanecia olhando para ela. A empresária era maravilhosa, embora ela detestasse admitir. Enquanto Andreia hesitava, tentando pensar na melhor maneira de lidar com a situação, Natasha endireitou o corpo e se aproximou.
-- Está feliz, bonequinha?
Em um gesto automático, Andreia pôs os cabelos atrás da orelha.
-- Estou -- ela respondeu baixinho. Na verdade até havia uma certa timidez no comportamento de Andreia.
-- Fico contente que esteja gostando -- Natasha abraçou-a e beijou-a no rosto afetuosamente, acariciando os cabelos dela com uma das mãos -- Disse Machado de Assis: O dinheiro não traz felicidade para quem não sabe o que fazer com ele.
Sidney bateu palmas de contentamento.
-- Sábias palavras, grande guru.
-- É tudo muito lindo Nat, mas acho que já é o suficiente -- ela apressou-se em dizer, e segurou a mão da empresária com força -- Obrigada.
-- Não me agradeça, meu amor. Isso tudo lhe pertence por direito -- Natasha sorriu com afabilidade. Queria ser um porto seguro para ela, mas temia sufocá-la com seu excesso de cuidados.
Jessye aproximou-se delas e disse em tom calmo:
-- Com licença. Desculpe interrompê-la, Natasha, mas temos um compromisso agendado para as dez horas.
Então, Natasha assumiu uma expressão séria. Depois de um olhar rápido para a jovem a seu lado, voltou-se novamente para Andreia.
-- Temos um assunto muito importante a tratar agora. Podemos ir ou, ainda falta algo?
A voz grave e profunda, suavizada pelo delicioso sotaque, fez Andreia arrepiar-se toda.
-- Podemos ir, compramos até mais do que devíamos -- respondeu olhando em seguida para Sidney -- Acho que exageramos. Vou ter que levar umas cinco malas para a ilha.
-- Não se preocupe com isso -- disse Natasha, olhando Andreia com um sorriso insolente.
Aquela atitude fez o coração da ruiva derreter. E esse maldito sorriso, cercado por covinhas provocantes é tentação demais. Pensou Andreia, atordoada.
-- Carol!
-- Hum -- Andreia retornou de seus devaneios -- Desculpa, o que disse? -- ela perguntou meio sem jeito.
-- Vamos? A Jessye já providenciou para que suas compras sejam entregues em seu apartamento.
-- Ah, que bom! Obrigada, Jessye.
Elisa abraçou com força sua adorável e risonha menina. Carolina sentiu o familiar abraço com o coração transbordando de alegria pelo privilégio de ser alvo do amor incondicional de sua eterna babá.
Carolina com seu jeitão orgulhoso e forte, conteve as lágrimas que começavam a brotar em seus olhos.
-- Foi assim que cheguei até a Talita -- ela umedeceu os lábios subitamente secos -- Fiquei com receio de contar para ela, mas não tive outra saída. Depois que machuquei a perna precisava de alguém para me ajudar.
-- Não a conheço muito bem, por isso, não posso garantir que ela esteja do nosso lado, mas vamos colocar nas mãos de Deus -- Elisa soltou um longo suspiro e juntou as mãos -- Me desculpe, minha filha, mas estou me coçando de curiosidade -- Os olhos da jovem senhora pareceram crescer dentro do rosto -- O que aconteceu naquela terrível noite do acidente?
Carolina se revirou na poltrona, depois se voltou para olhar Elisa de frente.
-- Nada disso precisava ter acontecido, não é mesmo, babá? -- Carolina deu uma risadinha melancólica -- Mas aconteceu... Eu vou te contar desde o início.
-- Doutor Vinícius, essa é Natasha Falcão -- disse Andreia formalmente.
O cardiologista, dirigiu-lhe um olhar de curiosidade.
-- Muito prazer em conhecê-la senhorita Falcão -- disse o doutor Vicente, com sua voz suave, estendendo-lhe a mão direita. Ele virou imediatamente a cabeça e encarou Andreia. A expressão do médico indicava que as notícias não eram boas.
-- Como ele está, doutor? -- Andreia perguntou.
-- Vamos sentar -- ele disse suavemente, conduzindo-a até uma poltrona que havia em uma sala reservada. O cardiologista puxou uma cadeira e sentou-se em frente a Andreia e Natasha.
-- Então, doutor? -- Andreia respirou fundo.
-- Ele precisa fazer a cirurgia no coração com urgência. Não podemos esperar mais -- ele disse com tristeza genuína -- Mas, quando pediram uma reunião, pensei que tivessem novidades.
Andreia fitou-o, sem entender, estava curiosa e muito confusa.
-- Reunião?
-- Desculpa, Carol. Eu tomei a liberdade de pedir para a Jessye entrar em contato com o doutor Vinícius e agendar uma reunião -- Natasha fez um gesto para que Jessye entrasse -- Eu não comentei nada com a Carol, doutor.
-- Comentou o que, Nat? -- Andreia pegou o braço de Natasha -- Por que você pediu para conversar com o doutor Vicente?
Doutor Vicente não estava menos confuso do que estava Andreia.
-- Carol? Por que a senhorita Natasha te chama assim, Andreia?
-- Calma! -- pediu Natasha, segurando as mãos de Andreia -- Vamos por partes. Primeiro conversaremos sobre a cirurgia do seu pai. Depois, você conta para o doutor o motivo de te chamar de Carol.
Eles concordaram com um gesto rápido de cabeça. Por um bom tempo, Andreia a fitou, porém os olhos verdes tinham uma expressão confiante que deixava claro que ela não queria ser contrariada em suas decisões.
-- Quero que façam a cirurgia cardíaca do senhor Fábio, hoje mesmo -- Natasha falou de forma impositiva, mandou e não pediu. Ela estava acostumada a dar ordens e a ser obedecida de forma incondicional.
-- Creio que hoje não seja possível. Por mais que queira realizá-la, não conseguirei reunir a equipe...
Natasha o interrompeu cortante, com o rosto subitamente frio e irritada.
-- O celular, essa maravilhosa invenção de Martin Cooper, que tanto auxílio tem prestado ao homem, é muito útil nesse momento, doutor -- Natasha o encarou por um longo momento -- Se não usar o seu, eu usarei o meu.
Ao ouvir o tom autoritário da empresária, Andreia se aproximou e se colocou junto a ela com a intensão de apaziguar.
-- Nat, vamos ouvir o doutor Vicente, talvez ele...
-- Eu precisarei de apenas algumas horas para reunir aqui nesse hospital, a melhor equipe de cirurgiões do Brasil. Não entendo porque o doutor Vicente precisa de tanto tempo para reunir a equipe dele.
O cardiologista fez um trejeito com a boca. Não permitiria que aquela arrogante trouxesse uma equipe de outro hospital para realizar a cirurgia em seu amigo.
-- Tudo bem, Andreia. Eu vou tentar reunir a minha equipe de cirurgiões.
Com os ombros elevados e evitando bater de frente com aquela mulher, que aparentemente, possuía o poder do dinheiro, ele voltou-se e saiu andando, rápido, pelo corredor do hospital, até que sumiu de vista.
Andreia, então, soltou um suspiro de alívio.
-- Precisava ser tão grossa com ele?
-- Precisava -- ela riu, abraçando-a com carinho -- As vezes, mana, precisamos dar um tranco, para que as coisas funcionem. Não importa se vai dar certo ou não, se vai conseguir ou não, o importante é o empenho de tentar. Não deixe que as pessoas digam para você que não vai dar certo, sem ao menos terem tentado.
Andreia fechou os olhos, encostou a cabeça no ombro da empresária, parecendo ali encontrar conforto.
-- Obrigada, por dar mais uma chance ao meu pai. Essa cirurgia é a nossa esperança de ter ele de volta.
-- Te quero ver feliz, meu amor -- Natasha apertou-a com mais força.
-- Estou com tanto medo, Nat. É uma cirurgia muito complicada e perigosa -- Andreia não queria pensar no que poderia acontecer com seu pai -- Meu pai era uma rocha, ele era o homem mais forte que conheci. Nada poderia derrubá-lo.
Natasha afastou-se delicadamente e apertou-lhe a mão.
-- Vai dar tudo certo. Você tem que acreditar nisso.
Natasha sorriu para ela, e seu sorriso a fortaleceu.
-- A Natasha não podia ter feito isso comigo -- Sibele protestou, quando entraram no saguão do aeroporto -- Eu que deveria acompanhar a recuperação do seu pai!
-- Usando muletas? -- Marcela retrucou, juntando-se à pequena fila dos passageiros de primeira classe -- A culpa é daquele idiota.
-- Essa mudança nos planos não é nada bom.
-- O que faremos agora? -- Marcela perguntou, num fio de voz -- Essa tal de Talita pode colocar o nosso plano a perder. Ela não pode estar ao lado do papai quando ele recuperar a lucidez.
-- Verdade, mas, não se preocupe, é só deixar tudo por minha conta.
-- É disso que tenho medo. Agora com esse dedo quebrado você não poderá fazer muita coisa.
Sibele emitiu um risinho sarcástico.
-- Isso é o que você pensa. Não vou permitir que aquela Barbie manézinha estrague tudo. Ah, mas não mesmo! -- ela afirmou, convicta.
A bela mulher atravessou o salão de modo lento e determinado, até parar diante do balcão de recepção do hotel.
-- Bom dia, por favor, pode verificar a minha reserva? -- ela entregou o documento e enquanto aguardava a confirmação, olhava ao redor, admirando a decoração luxuosa.
-- Tudo certo, senhorita Layla -- a recepcionista sorriu com simpatia -- Um carregador a conduzirá até o elevador, levando as malas até o décimo oitavo andar. Seja bem-vinda senhorita e uma ótima estadia!
-- Obrigada! -- a moça, agradeceu com um sorriso largo.
Pouco tempo depois estava a caminho do quarto, com o funcionário levando as bagagens.
O hotel era do jeitinho que imaginava. Luxuoso porém, aconchegante, com uma vista maravilhosa para o Oceano Atlântico. Palmeiras e árvores frondosas que lembravam as ilhas do Caribe. Perfeito para o seu projeto.
-- Gostou do que viu até agora? -- perguntou o rapaz ao sair do elevador.
-- Adorei, mas acho que ainda levará alguns dias até que consiga ver tudo.
-- A Ilha do Falcão é enorme, tem muitas trilhas, muitas cachoeiras. Esteja preparada para muito agito.
-- É o que eu mais quero -- disse Layla, animada -- Você tem informações sobre a senhorita Falcão? Preciso muito falar com ela.
-- A senhorita Natasha está viajando, mas qualquer coisa que precisar, pode chamar o senhor Leopoldo, ele é o gerente.
O carregador pôs a bagagem no chão da sala e em seguida, com um sorriso, deixou o local.
Layla fechou a porta e encostou-se nela com um sorriso estampado no rosto.
-- Hum, quem sabe essa ilha não seja o meu futuro lar?
Créditos:
http://pt.surgeon-live.com/content_kak-zashit-ranu.htm
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 10/09/2020
Aiaiai... cada vez mais intenso esses momentos... nao gostei de Layla...
Baiana
Em: 28/02/2018
A Carolina não nega que é irmã da Natasha,tem as mesmas presepadas dela kkkkk
Rapaz,o que será que a Sibele vai aprontar com a Talita,mas eu acho que, o que quer que seja,não terá frutos nenhun,pois ela já sabe que a Sibele não é flor que se cheire e esta tentando dá um golpe na futura cunhada.
Quem será essa nova hóspede? Uma possível rival da Andreia pelo coração da Nat?
Resposta do autor:
Olá Baiana!
Pois é, a Sibele nesse momento deve estar preparando algo de maldoso contra a nossa doutora do bem. Vamos continuar na torcida por ela.
A Layla deve ser uma das muitas belas que Natasha encontrará pelo caminho.
Beijão. Até daqui a pouco.
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patty-321
Em: 26/02/2018
A carol e bem parecida com a irmã. Toda gaiata. Sakura. Kkkkk. Doida. O que sibele vai aprontar? E quem é layla? Hum... morro de curiosidade. Ansiosa pelo próximo. Bjs van. Boa semana.
Resposta do autor:
Olá Patty.
Essas duas juntas vão aprontar muito.
Sibele e sua mente criminosa. Ela está tramando algo.
Layla é a mulher dos brinquedos radicais. Apresento ela no próximo capítulo.
Beijão e até.
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Mille
Em: 26/02/2018
Boa noite vandinha
Personagens novo o que pode aguardar desta Layla!!!
Talita com certeza vai trazer informações para a verdadeira Carolina. Não tem como negar que a SAKURA é irmã da Natasha não pode ver mulher que solta as gracinhas.
Bjus e até o próximo capítulo, uma excelente semana
Resposta do autor:
Olá Mille.
O hotel vai ficar bem movimentado nos próximos dias. Pensa o Leozinho junto com o Sidney e todos os outros personagens. Vai ser uma grande confusão.
A Sakura não precisa nem de DNA.
Beijos. Uma semana cheia de luz.
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