Despedida por Lily Porto
Bom dia meninas, hoje a narração será feita pela ex companheira da Cléo
CapÃtulo 52 - Andressa
Olá, acho que não nos conhecemos né? Eu me chamo Andressa Novaes, tenho 1,72 cm, estatura considerada alta pra mulher, sempre fui magra apesar de comer muito bem, tenho 47 anos, adoro praticar atividades físicas e sou designer de interiores.
Tenho uma base familiar carinhosa, um irmão, cunhada, 2 sobrinhos e pais que me amam demais. Sou meio estourada e gosto muito da natureza.
Faltou alguma coisa? Ah... status de relacionamento, né? Fudida! Rs... esse é meu status de relacionamento.
Vou tentar resumir minha história pra vocês, mesmo porque sei que já sabem de boa parte dela.
Eu nem sempre gostei de mulheres, mas nunca senti meu coração bater mais forte em meus namoros com rapazes. Faltava algo sabe?
Até eu me descobrir apaixonada pela minha melhor amiga, quando tinha uns 22 anos. Nossa, coisa de cinema. Ainda bem que minha paixão foi correspondida a altura. Aliás, arrisco a dizer que a Cléo sempre gostou mais de mim do que eu dela.
E daí, sabe como é mulher né? Não teve jeito, depois de algum tempo nós nos casamos e fomos felizes por mais de 20 anos. Não sou boa com esses números, Cléo sempre fez isso melhor que eu.
Clarice é mesmo uma mulher muito especial e sempre foi, desde a época em que éramos só amigas. Apesar da pouca idade ela sempre dava conta de tudo, me protegia, era uma excelente companheira, só tinha o péssimo hábito de me deixar solta demais e de não contar muito das coisas dela. Isso sempre gerou algum estresse. Mas a gente sempre se virava, se ajustava. O nosso amor superou muitas barreiras por um longo período.
Pra mim era fácil também porque ela sempre se ajustava as minhas necessidades. Ela abriu mão quase total da individualidade dela pra viver a nossa vida, o nosso casamento. Já eu, não abri mão de muita coisa não.
Eu sempre fui um pouco egoísta e mimada e a Cléo sabia disso desde o começo. Eu mudei um pouco, ela me fez mais doce e mais companheira. Mas quando me via fora da zona de conforto ficava arredia e até era meio grossa, sabe?
Entretanto, analisando agora com um certo distanciamento tudo o que nos aconteceu, acho que sei onde a coisa começou a ficar ruim de verdade. Eu me perdi um pouco depois que ela teve que assumir a guarda do Junior. Não me entendam mal, eu compreendi toda situação e tentei ajudar ao máximo. Mas o nosso dia-a-dia mudou demais e eu sempre fui péssima em dividir atenção e a situação demandava muito da Cléo, principalmente no começo. E nesse ponto eu não consegui acompanhar.
A Cléo ficou mais cansada e estressada, a gente perdeu muito da nossa intimidade e eu fui me sentindo solta demais. Passei a me acostumar a sair sem ela, a preferir sair sem ela, a beber mais, chegar cada vez mais tarde. Até ter o fim que teve.
As pequenas discussões viraram brigas feias, com ofensas pesadas demais. A gente passou a se falar cada vez menos, a se importar cada vez menos uma com a outra. Até simplesmente perder o encanto sem a gente perceber.
Sinceramente? Eu não me arrependo pelo término, como diz a Cléo "nosso ciclo se fechou". Mas não gostaria que as coisas terminassem do jeito que terminaram. Meio que tirou um pouco o brilho da história linda que vivemos por muito tempo.
Eu e a Cléo sempre fomos amigas acima de tudo e ela não merecia descobrir daquela maneira que eu estava envolvida com outra pessoa. Eu poderia ter sido sincera, mas me acomodei na atual situação da relação.
Só hoje eu consigo ver bem tudo isso. Mas na época eu não estava ligando muito não. Como a Cléo gosta de dizer "eu toquei o foda-se". É que sabe quando tá pesado? Quando a gente não sorri mais, quando não faz mais questão de ficar ao lado da pessoa?
Daí me apareceu a Paola, a moça que conheci na aula de jump na academia. Uma linda ruiva de 1,62 de altura, belíssima. Ela era hétero, frágil, e tinha acabado de sofrer um aborto por ter sido agredida pelo marido.
Tinha como não se envolver? Loucura demais eu sei, mas... foi, nossa, tudo muito intenso e rápido demais. Quando me dei conta estava me preocupando mais com a Paola do que com a minha própria esposa.
Eu fazia com ela o que a Cléo fez comigo no começo, sabe? Eu conversava, fazia ela sorrir, me preocupava com a saúde e o bem-estar dela.
Eu fui com a Paola denunciar o marido dela por agressão e ajudei ela a fazer a mudança pra outro apartamento. Eu nunca tinha feito tanto por alguém na vida. Ela precisava de mim.
E preciso confessar a vocês... foi a coisa mais incrível que me aconteceu! Eu voltei a me sentir bem, viva, útil. Eu voltei a ser responsável pelo sorriso de alguém, responsável por esse alguém voltar a sorrir. As necessidades da Paola fizeram eu deixar meu egoísmo de lado sem perceber.
Eu me apaixonei novamente e quis viver aquilo no auge de todo o seu encantamento. Nossa, eu me sentia adolescente de novo.
Mas ao mesmo tempo eu não queria abrir mão da estabilidade que era o meu casamento, apesar da fase péssima que estávamos vivendo.
Gente, minha família inteira amava a Cléo. Era difícil chegar com outra mulher e apresentá-la como minha nova companheira. Eu a amava também e apesar de tudo também amava o Juninho. Eu tinha muita coisa pra abrir mão por conta de uma paixonite.
Todavia, fui pega num jantar romântico com Paola e nem deu mais tempo de decidir com qual das duas eu realmente gostaria de ficar. Aquela sim tinha sido a situação mais constrangedora da minha vida.
Minha última discussão com a Cléo, pouco grito e muita lágrima. Nunca vou esquecer aquela conversa, sabe? Ainda tinha muito amor ali. Mas estávamos machucadas demais. De fato, o ciclo havia se encerrado.
Daí invés de ficar sozinha e colocar a minha cabeça no lugar, fiz a maior burrada que poderia fazer, engatar uma relação rotineira na outra.
Acho que se pudesse dar um conselho a vocês, seria esse, nunca tente curar um amor com outro amor. A chance de ser uma porcaria é bem boa.
Minha "lua-de-mel" com Paola durou pouco mais de 10 meses. Ela era intensa e instável demais. O que a Cléo me deixava solta, ela me prendia. Ela era dependente demais, frágil demais.
Eu estava acostumada a estourar e ter alguém pra me acalmar e não ao contrário. Eu não tinha muita paciência para os surtos dela. E foi quando percebi que eu e Paola éramos incompatíveis.
Vocês vão dizer, ah é fácil, termina? Não é assim tão tranquilo, a moça vinha de uma depressão, perdeu um filho com o aborto, largou tudo pra viver comigo e me amava como ninguém. Talvez até mais que a Cléo.
Eu tentei por inúmeras vezes sentar e conversar. As vezes achava que estava tudo bem, as vezes achava que estava piorando. Foi nessa hora que procurei a Cléo. Eu queria fazer dar certo. Não queria ser responsável pelo término de outra relação.
Reencontrar a Cléo foi mais difícil do que eu pensei, ela estava tão bem, tão segura e eu em pedaços. Eu não sei se ela percebeu, mas todo conselho que ia dar ela falava da tal noiva. E pra completar um sorriso de canto de boca surgia.
Parecia que elas se conheciam a décadas. Por mais absurdo que fosse eu senti uma pontinha de ciúme. Mas no fundo estava feliz por ela ter se organizado com a casa e as coisas sem mim.
Ela me ajudou muito naquele domingo e eu decidi continuar tentando mais um pouco. Até a Paola cismar que o que faltava pra gente ser feliz era uma criança.
A gente não estava bem e a adoção naquele momento seria só uma válvula de escape. Uma péssima válvula de escape. E daí quem escapou fui eu. Pedi um tempo.
A gente ainda se vê, fica, dou minha ajuda como posso. Mas ela precisa se tratar, não dá pra projetar a nossa felicidade em outra pessoa como ela estava fazendo comigo.
Acho que contaram pra vocês que fui no casamento da minha ex-esposa, na responsabilidade de levar minha ex-sogra. A princípio pareceu loucura. Mas meu irmão precisava do favor e eu devia isso a Cléo. Éramos melhores amigas antes desse rolo todo lembram? E outra, tenho certeza que ela faria o mesmo por mim.
A cerimônia foi linda, o Juninho estava parecendo aqueles bonequinhos de topo de bolo. A Dona Margarida se desmanchou em lagrimas. E eu fiquei lá perdida nos meus pensamentos.
Lembrei de mim e da Cléo no comecinho. Do jeito que nos olhávamos. Agora ela só tinha olhos pra "Bah dela".
Senti falta da Paola, queria que ela estivesse ali, queria estar segurando a mão dela e recomeçar mais uma vez. E tantas e tantas vezes que a gente precisava. Será que um dia eu faria uma cerimônia daquela?
Eu cumprimentei as noivas e fiquei um pouco na festa na companhia da minha família. Lógico que todos eles foram, todos eram apaixonados pela Cléo. Mas logo fui embora pra ver se conseguia acertar as coisas com a minha ruiva complicada e perfeitinha.
Fim do capítulo
Uma ótima semana.
Bjs
Comentar este capítulo:
patty-321
Em: 08/06/2017
Num relacionamento, principalmente , quando termina, nunca a responsabilidade é só de um. Andressa merece se encontrar e encontrar a felicidade de novo. E espero vq ela tenha amadurecido e se entenda com a ruiva. Bjs
Resposta do autor:
Finais tendem a ser sempre dolorosos, mas não há nada melhor que você vê alguém com quem compartilhou parte de sua vida em algum momento, reencontrar a felicidade também. Afinal foi isso que aconteceu com elas, e viva a felicidade.
Bjs.
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