eba, estou mantendo o ritmo, por favor comentem, isso me ajuda muito ;)
CapÃtulo 4 - O livro Azul - Cahya
Cahya livro azul
Eu estava muito tonta quando Luna e o Capataz me arrastavam pelos becos escuros e úmidos daquele prédio. Olhei para o teto e vi que pingava um líquido escuro de lá, algumas ratazanas se exprimiam pelos cantos dos corredores, e o barulho que se fazia era um eterno chiar, como se tivesse ouvindo o barulho retumbante das folhas cedendo à força do vento na floresta de Tanah Kita. Respirei fundo, o ar era extremamente viciado, o que fez os meus pulmões reclamarem.
-Ande logo, Prisioneira – falou o capataz puxando mais forte as minhas correntes, os segui como pude, mas era difícil saber onde estava indo naquele escuro, e meus pés tropeçavam nos ratos. De repente o ar mudou. Adentramos em um claustro onde se elevava uma abertura no teto que permitia que a luz e um pouco de ar entrassem, aliviando finalmente minha respiração. Então continuamos a andar pelos corredores. Entramos numa outra abertura e continuamos a seguir o caminho. Luna mantinha-se quieta, eu começava a me perguntar o que a tinha levado aquela posição tão alta na hierarquia dos homens maus, de certo ela devia ter muitos poderes. Então, logo após dobrarmos algumas esquinas, vi uma porta enorme de madeira, parecia carvalho envelhecido, e nos dirigimos para lá. Luna estendeu uma espécie de triângulo incolor, algo que eu não consigo explicar, então colocou dentro da porta que se abriu em um rangido velho, ela deu um sorriso estranho para o guarda, e eu fiquei imaginando o que realmente ela estava pensando.
-Aqui chegamos, Por favor, você não pode entrar Wolfgang. - O guarda estendeu a corrente que me prendia para as mãos da feiticeira negra, ela ligeiramente apanhou.
-Você já está dispensado, diga pra que preparem o nosso jantar, por favor, preciso que faça um prato sem nenhum tipo de carne animal. - O homem de preto fechou sua cara, mas mesmo assim bateu em seu peito em sinal de respeito.
-Sim, senhora. Seus pedidos são uma ordem. - falando isso ele se virou e seguiu o caminho de volta. Luna olhou pra mim com uma expressão incógnita.
-Não há mais o que temer, eu não vou te fazer mal. - não senti nenhuma confiança em suas palavras, na verdade muito pelo contrário: eu sentia que se eu baixasse minha guarda, ela iria me ferir novamente, todos meus sentidos diziam isso. – venha, venha eu vou cuidar de seus ferimentos. - Tentei me livrar das correntes, mas ela segurava muito forte.
- Por favor não tente fugir, Cahya – falou ela com os olhos intensos nos meus, nesse minuto me espantei. Como ela era sabia meu nome? Aquilo me encheu de medo, que eu não conseguia perguntar, nem mesmo abrir a boca. Eu ainda estava tremendo de dor. - Você deve estar se perguntando como é que eu sei seu nome – Ela leu de novo meus pensamentos - Bem, eu sei tudo, Cahya. Eu só preciso que confie em mim. - então eu perdi a minha resistência, parecia que ela estava jogando um feitiço de hipnotismo em mim, fiquei em estado de torpor, e deixei que ela me levasse para dentro dos aposentos. Ao adentrar a imensa sala abarrotada de livros, Fiquei espantada pela quantidade de livros que existiam no mundo, mãe só tinha um, o livro de magia.
Luna me levou para o os fundos do aposento, no centro havia um grande buraco no chão e ele estava cheio de água translúcida, devia ser o lugar onde se tomava os banhos, como um pequeno rio represado. Luna começou a mexer em vários frascos que estavam nas bancadas de Madeira ao seu redor, cada um de uma cor diferente. Pareciam tão interessantes, e tão perigosos, dava medo só de olhar, era como se ela fosse explodir todo o lugar só por me misturar o líquido azul com o líquido vermelho. Depois que ela fez algumas misturas se aproximou de mim, eu já não estava amarrada a mais nada, só as correntes ainda estavam em minhas mãos. Se posicionou a minha frente e me olhou com uma expressão séria.
-Eu preciso que você não faça nenhum movimento brusco, pelo seu bem. Se você se movimentar um pouco que seja você acabará sendo derretida, compreende? - Acenei com a cabeça, eu estava apavorada se eu fizesse algum movimento ela iria me matar, eu tinha certeza disso. Fechei os olhos com força, não queria ver o que ela queria fazer naquele momento. Então comecei ouvir um chiado e um forte odor de queimado, minha cabeça começou a ficar muito quente e até doeu um pouco, mas continuei lá firme e forte meio tremendo. Ela ainda pegou um pedaço de tecido e começou a passar em minha testa, que parecia incrivelmente mais leve. Foi então que percebi o que ela havia feito: tinha derretido meu chifre sobressalente. Senti-me incompleta, eu sempre havia sido diferente, Mãe sempre falava que aquilo me tornava especial, mas agora eu era como qualquer homem mau. Eles estavam me tornando em algo mau.
- Não se preocupe isso, é pro seu bem – falou Luna, ainda limpando meus cabelos. Minha cabeça estava a mil, a dor por dentro era muito maior do que a dor que eu estava sentindo por fora. Luna jamais entenderia isso. Então quando me dei por mim eu estava chorando torrencialmente, ela fez uma expressão muito estranha, parecia sentir pena de mim, algum sentimento mas distante e atemporal.
- Não chore. Não Há Razão pra isso, eles vão crescer novamente. Maiores e mais bonitos. Agora por favor, tire suas vestes, precisamos retirar todo o efeito da poção. - Aquilo me pegou de surpresa, eu jamais tinha ficado nua na frente de ninguém, a não ser Wani. Minha cabeça murmurou que não não iria fazer os desejos daquela feiticeira maligna. Luna se virou.
- Por favor, tire suas vestes, e entre no banho. você precisa se purificar.
- e-e-eu não quero. - Consegui balbuciar essas palavras.
-Você precisa, se não tirar esse sangue de você, vai adoecer instantaneamente. Agora vá, prometo que não vou olhar, nem eu mesmo ousaria ver tamanha loucura. Me senti ofendida, ela estava me chamando de monstro, como todos os outros, como se me olhar como eu vim à terra à fosse transformar em algo ruim. Eu estava começando a odiar tudo aquilo, mas eu não tinha opções, se ela sabia de tudo, significava que eu ficaria doente. Eu até mesmo comecei a me sentir mais fraca, aquele sangue, mesmo que fosse meu próprio estava destruindo alguma coisa que me protegia.
Luna tirou minhas correntes e se virou, tirei minhas vestes enquanto, Luna continuar mexendo na bancada, comecei a entrar dentro do buraco no chão, a água estava meio gélida, mas imediatamente me senti acolhida pela aquela água que me lavava, Então foi quando eu percebi que Luna retirou o triângulo incolor da porta, não entendi o que aquilo significava, mas então ela agarrou um pequeno pano negro e amarrou a redor de seus olhos, começou a retirar sua capa e logo após o seu longo vestido negro revelando seu corpo alvo como lã, o seu corpo era algo que eu jamais havia visto, como porcelana rara e antiga que Mãe tinha na choupana, seus músculos eram fortes, mas sua pele parecia macia como lençol de seda. Então ela se virou em minha direção. Fiquei paralisada, a água parecia me imobilizar, enquanto ela descia as escadas de forma graciosa, mesmo com os olhos vendados. Tentei me soltar, mas não conseguia.
-Fique quieta - Ela desceu no banho, e continuou andando até a minha direção, senti algo muito estranho, aquilo estava errado, ela era um pouco mais alta que eu, se colocou completamente em minha frente, conseguia sentir sua respiração, ela parecia um pouco nervosa, como se aquele feitiço fosse algo novo até pra ela, se aproximou de meu pescoço e começou a sentir meu cheiro de uma forma que me incomodava, então mergulhou suas mãos na água e jogou água em direção do corpo. Respirava fortemente. A água borbulha debaixo de mim, era como se estivesse absorvendo toda a sujeira do meu corpo, então Luna estendeu seus braços em direção ao meu pescoço, não consegui realizar nenhum movimento enquanto ela deslizava suas mãos sobre mim, uma fumaça negra saia de suas mãos e entrava em meus poros, cada vez mais abaixando os seus movimentos, não consegui reprimir um arrepio na espinha, mesmo não vendo os seus olhos que estavam vendados, suas mãos eram frias e me transmitiam uma insegurança primordial. Então de repente ela parou e saiu do banho com dificuldade, parecia ter usado parte de sua força vital, colocou sua capa negra, tirou a venda e pediu para que eu saísse, logo após separou um casaco feito com lã ovelha, esbranquiçado e algumas vestes que me eram estranhas.
- Não se preocupe, essas ovelhas não morreram para que esse casaco fosse feito. Você estará segura nele. - Então ela foi até a porta, sem olhar para mim- Vista-se, por favor. Estou te esperando do lado de fora. Então ela abriu a porta e saiu. Por mais que eu desejasse fugir, senti que o certo seria seguir os conselhos da feiticeira. Vesti-me rapidamente, aquela sala me fazia tremer por dentro de minhas entranhas, como se uma aura lúgubre pairasse sobre mim, toquei na porta de carvalho que se abriu instantaneamente, queria sair dali rapidamente. Luna recostada estava encostada na parede oposta à porta, com um sorriso discreto em seu rosto, seus lábios estavam mais pálidos.
-Você parece bem melhor assim. - Aquela mulher emanava uma luz sombria que eu sabia que era pura maldade, mas não entendia suas reais intenções, era como se ela tivesse duas ações completamente opostas e intercaladas. Era como se fosse duas pessoas ao mesmo tempo, como se tivesse duas personalidades, uma boa e uma extremamente má. - Vamos precisamos nos alimentar, Preciso te apresentar à princesa Stella, tenho certeza que esse seria seu querer. - Quando ela falou isso tentei compreender essas palavras. “Seu querer”, ela deve estar se referindo ao Rei mau. Então ela se virou e continuou seguindo pelo corredor escuro. Comecei a segui-la, eu não queria ficar naquele cômodo escuro nem mais um segundo, viramos uma porção de corredores a mais: direita, esquerda, esquerda, direita e direita... eu já nem entendia mais a lógica daquele labirinto sem fim, e foi quando adentramos um corredor mais iluminado e logo após percorrermos alguns metros, Chegamos a um corredor onde dois guardas esperavam. Os dois bateram seus peitorais e fizer reverência para a grande Feiticeira Negra. Então nos deixaram passar pela abertura. Quando finalmente entramos à nova sala, eu pude observar um enorme salão que erguia em paredes altas pareciam feitas de mármore, do alto pendia um grande candelabro que iluminava com velas e no centro, uma enorme mesa retangular se punha diante dos meus olhos, coberta dos mais variadas tipos de comida, aquilo era um verdadeiro banquete, no entanto ao nos aproximarmos mais comecei a perceber que aquele banquete se tratava de vários seres sagrados mortos, decepados, cozidos e assados. Então meu estômago revirou, Luna pareceu ter entendido, e olhou para mim com a cara de preocupação.
- Relaxa, nós não vamos comer esse tipo de comida. - ao redor da mesa estava uma quantidade grande de pessoas, a maioria eram homens grandes, com a cara cheia de pelos, todos vestidos com peles de animais mortos, haviam algumas mulheres, eram delicadas e macias, acompanhavam os homens que estavam se embriagando de uma bebida amarelada e outros com uma bebida vermelha como sangue. Todos riam como o bestas demoníacas mostrando os dentes violentamente. Por fim reconheci entre eles o rei mau, vestido de vermelho. Ele levantou os braços para o alto, e começou gritar.
-Feiticeira Negra! Estávamos aguardando, finalmente chegaram! Sente ao meu lado e traga a aberração. – A mulher que estava sentada ao lado do rei fez uma careta, como se nossa presença a irritasse. - vejo que já a colocou sob controle – continuou o rei.
-sim, meu rei- falou a feiticeira - eu já ministrei a substância de controle, agora ela está sob meus domínios, tudo que eu lhe pedir, ela fará.
- Ótimo, ótimo - bradou Rei - Então era aquilo que eu mais temia. Ela havia se aproveitado de minha inocência para lançar em mim um feitiço de dominação, agora eu estava completamente sob seus domínios. Eu jamais voltaria a confiar nela outra vez - A feiticeira Negra sentou-se perto do Rei e me pediu para que eu me sentasse ao seu lado. Sem escolhas, me sentei, eles continuaram a conversa que em minha cabeça não fazia sentido algum, então pude avaliar melhor todos os convidados que estavam sentados à mesa, o rei gritava alto e contava histórias que acredito ser todas inventadas, os seus súditos pareciam rir forçosamente de tudo que ele contava, menos um dos convidados, à minha frente na diagonal se encontrava uma moça que parecia indiferente. Ela estava alheia de tudo aquilo, seus olhos distantes olhavam as paredes como se enxergassem através delas. Ás vezes seus olhos esbarravam nos meus, mesmo que por alguns segundos, haviam raios cintilantes de seus olhos, toda a aula que ela emanava era uma manhã de verão ensolarado, caloroso e fulgente. Durante aquela troca ínfima de olhares eu simplesmente não sei o que aconteceu, mas me senti tomada de um sentimento que eu não sei explicar, nem sei se um dia saberei.
Era como se eu quisesse entendê-la, queria saber porque que ela estava tão distante, queria poder me aproximar, era um sentimento meio racional, mas eu jamais senti uma coisa tão forte daquele jeito. e cada vez que os seus olhos brilhavam em minha direção o meu coração batia um pouco mais rápido, Luna olhou em meus olhos e pareceu entender tudo o que estava acontecendo, ela fechou o maxilar, todos seus músculos estavam tensionados sob o manto e seus olhos pareciam blocos de gelo no inverno mas intenso, não compreendi o motivo de seu ódio repentino, mas vindo daquela mulher tudo parecia possível.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 10/10/2016
Olá.
Boa noite.
Hummm...Luna então não é a alma gêmea de Cahya.
Mas Luna parece saber bem mais do que eu....
Amei o capítulo. .
BeijoBeijos
Rhina
Resposta do autor:
oi Rhina! tudo bom???
bem, você me conhece relativamente bem, sabe que nunca pode-se esperar o esperado, mas Luna tem esse lado mau mesmo, e ela realmente pode parecer saber tudo, heheh. Obrigada pela companhia nessa jornada :D beijos e até logo
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